Depois da notícia de hoje do Público (“Sócrates quer referendo sobre o aborto no Verão“), onde se estabelecem as vantagens políticas da data referida para o referendo perante uma eventual candidatura presidencial do anti-aborcionista António Guterres, temos agora o desmentido de José Sócrates:

(…) José Sócrates desmentiu, esta terça-feira, que o Partido Socialista já tenha estabelecido um calendário para a repetição do referendo ao aborto.

Na edição desta terça-feira, o jornal «Público» avança que o PS, caso vença as eleições, vai incluir este referendo na primeira vaga de propostas a debater na Assembleia da República, sendo que a consulta seria realizada no início do Verão.

Questionado pelos jornalistas, o líder socialista classificou a notícia de «abusiva» e negou que alguma vez tenha demostrado preferências detes género, esclarecendo que ainda não foi tomada qualquer decisão sobre o assunto.(…)” in TSF

A notícia passa a imagem dos interesses tácticos do partido serem colocados acima do que seria mais razoável para o País. Pelo menos foi essa a mensagem que li. Afinal, não é bem assim, ou já não é bem assim. Ou Sócrates não “deu a entender” [expressão do Público] nada do que o Público percebeu, ou entretanto mudou de opinião.
A jornalista, nossa vizinha, Maria José Oliveira, com base na resposta de José Sócrates – «A propósito de uma pergunta do PÚBLICO sobre o referendo à Constituição Europeia, o secretário-geral do PS, José Sócrates, deu a entender que essa matéria poderá ser adiada para 2006, uma vez que, afirmou, “ainda temos o referendo sobre o aborto, as autárquicas e as presidenciais”» – foi estudar todas as vicissitudes do calendário eleitoral e da lei dos referendos e, por exclusão de partes, chegou à manchete de hoje.

O que é que custava, feitas estas contas de calendário, perguntar directamente ao autor do sub-entendido se confirmava o raciocínio? Assim evitava-se esta dúvida que recai, quer sobre José Sócrates, quer sobre o jornal. Quase parece spin em acção…

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