Será que Morais Sarmento me quer ver a apoiar os Blasfemos na privatização dos órgãos de comunicação do Estado?
A tirada é tão forçada que julgo ver nestas declarações mais uma dramatização das fraquezas do aparelho do Estado como vamos “descobrindo” com patrocínio ministerial na Saúde, na Educação… Começa a ser difícil encontrar melhores maus exemplos de uma gestão destrutiva da credibilidade da opção de provimento de serviços públicos pelo Estado. O exagero leva-nos, contudo, a não acreditar na espontaneidade da trama do drama. O diagnóstico está demasiado ligado ao actor e de menos no “sistema”. Basta não ter regras e/ou não cumprir as básicas que existem.

Com o devido respeito, senhor Ministro da minha tutela, tremo só de pensar que este tipo de raciocínios Expresso no cabalístico jornal Público o tenham guiado quanto à política que tem prosseguido no Instituto Nacional de Estatística.

Seguramente não tenho motivos para me preocupar. A sua frase sobre “responder perante os eleitores” merece o meu mais sincero acordo; não são os jornalistas, nem as administrações, nem os analistas económicos (atrevo-me a acrescentar) que irão responder perante os eleitores. Esperamos é que possam continuar a cumprir com a sua missão de esclarecer esses mesmo eleitores, em liberdade, e sujeitos à avaliação da credibilidade daquilo que dizem ou escrevem.
Permita-me senhor Ministro, alvitrar que há um tempo para sanear financeiramente, e há um tempo para, definido o modelo de gestão, traçados e divulgados os objectivos e os recursos, enfiar a viola no saco e deixar ao técnico o que é do técnico, seja ele jornalista, economista ou gestor. Teria sido excelente se nestes dois anos e meio tivéssemos já uma clarificação dos campos de acção de políticos e técnicos quanto ao produtores de informação sob alçada do Estado. Atrevo-me a diagnosticar que tudo está mais confuso e perigosamente mal aparentado, com a mulher de César a ser demasiadas vezes chamada à colação. Fiquem com um excerto do que li no Público:

Deve haver uma definição por parte do poder político acerca do modelo de programação do operador de serviço público“, afirmou Morais Sarmento, durante o primeiro colóquio da Rádio e Televisão de Portugal, que hoje decorreu em Lisboa.

(…)
Apesar de sublinhar que o papel do Governo “não pode envolver o que são as competências da administração, como seja a escolha dos responsáveis” pelas áreas de programas ou de informação, o ministro que tutela a pasta da Comunicação Social lembrou serem “os responsáveis políticos que respondem perante o povo“.
(…)
Não são os jornalistas nem as administrações que vão responder perante os eleitores” pela informação ou pela programação da estação pública, salientou o ministro.
Por isso, disse, é necessário “haver limites à independência” dos operadores públicos sob pena de ser adoptado “um modelo perverso” que exige responsabilidades a quem não toma as decisões.
Não tenho direito a mandar, mas tenho direito a ter opinião“, sublinhou Morais Sarmento, defendendo que “a RTP ainda tem um longo percurso (a percorrer) a nível dos conteúdos” que transmite.

in Público

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