Mas onde raio de discute política no interior de um partido?
Retenho uma frase que o Timóteo escreve a propósito da troca de opiniões, sobre o Centrão, entre Vital Moreira e Pedro Adão e Silva:
« (…) A classe média (ao contrário do que parece pensar Sócrates) não se importará de fazer sacríficios se constatar que a sociedade é mais justa, mais igual e mais eficaz. E é demonstrando que com o PS no poder, a sociedade seria mais justa, mais igual e mais eficaz que o PS se apresenta como alternativa a este governo. Isto parece-me que é ser de esquerda. Se acham que isto é “centrão” então eu sou do “centrão”.»
Pois meu caro Timóteo, até acho que tens muita razão, mas não tenho dúvidas que o tempo para a maior eficácia, para o melhor aproveitamento dessa capacidade de sacrifício e de compreensão por parte da “classe média” em prol de uma menor desigualdade de meios e oportunidades, de facto já se perdeu nos idos de 1995.
Quando o PS chegou então ao governo estava em condições absolutamente únicas para equilibrar as finanças (aumentando os impostos, essencialmente por via da maior eficácia da cobrança!), recuperando maior igualdade social, implementando uma melhor redistribuição dos rendimentos.
Hoje, depois do contexto dos governos recentes – e presente(s) – e até pela própria forma de fazer política, “pastilha-elástica” como nunca, tudo será muito mais difícil. Dito isto, no essencial estou de acordo contigo e partilho os teus receios face à liderança de José Sócrates.
Tudo ainda permanece demasiado vago, continuemos a aguardar…
O congresso que se vê na comunicação social, esse mantêm-se igual a todos os outros: sem perguntas e sem respostas.
Valeu-nos a campanha quanto à forma e com alguns – poucos – detalhes quanto ao conteúdo; tudo o resto permanece estrategicamente desconhecido – e espero não estar a ser benevolente com esta hipótese.
Mas onde raio se discute política no interior de um partido?
Às vezes parece-me que se regressou à política pelos blogues, palavra de honra!
Ao menos isso!
October 3rd, 2004 at 8:44 am
Desculpa Rui, mas estou-me nas tintas para cima do que foi ou deixou de ser feito.
O que tenho receio em Sócrates não é que ele se ponha a defender os “temas fracturantes das minorias” (é suficientemente inteligente para saber que eles não motivam ninguém e são extremamente contra-producentes em termos eleitorais).
O que tenho receio em Sócrates é que ele misture os “temas fracturantes injustos” (que só contribuiriam para o aumento da ineficácia e da infelicidade na sociedade – normalmente destinados a aumentar a desagregação da família) com os “temas fracturantes justos” (aqueles que permitem minimizar a infelicidade na sociedade, como é o caso das políticas de igualitarização social e de combate à pobreza).
Em matérias de política social, Sócrates deveria atacar este governo pela esquerda e não pela direita. Dizer que mesmo que algumas políticas governamentais estejam a ir no bom sentido (e algumas politicas sociais estão), é possível fazer ainda mais e melhor. Não é defendendo os célebres benefícios fiscais (que o Jumento tão bem desmontou num post do qual já não tenho a referência). Como já tive ocasião de dizer, a classe média também não é exactamente um bando de criaturas amorais: ela estará disposta a fazer sacríficios se constatar que a sociedade é mais justa, mais igual e mais eficaz. Se constatar que os seus sacrifícios não se destinam a que os ricos fiquem mais ricos mas a que os pobres fiquem menos pobres.
October 3rd, 2004 at 12:21 pm
Não centrar as linhas de intervenção nos temas recorrentes tão ao gosto do Bloco parece-me bem, mas também me parece que a melhor forma de o fazer – porque a eles teremos de voltar se o Bloco assim quiser – é deixar de ter posições ambíguas sobre eles.
Quanto ao resto estamos de acordo. O ataque ao fim dos benefícios fiscais devia ser feito mais destacando a injustiça de se assumir o seu fim como algo que se faz antes de se identificarem mudanças ao nível da cobrança fiscal do que pela absoluta bondade económica dos mesmos.
Vou ficando insatisfeito com que tenho ouvido, mas tentemos esperar mais um pouco para sermos justos com o senhor que se segue.
October 3rd, 2004 at 2:44 pm
Gostaria que tanto um como o outro tivéssem razâo,nâo quero que voçês vejam isto como seja uma opiniâo so para contrariar.O cérto é que pelo mundo.esquerda o direita as reformas foram sempre no sentido da direita.PS nâo faço parte de algum partido nem de alguma corrente politica,mas o que sei é que varios paises que éram absulotamente da direita mudaram radicalmente,e que tanto a classe média como a pobre vivem numa harmonia quasi perfeita.Excepto poucos como Haiti,ricos como Camerôes,Nigéria,paro aqui,a ida de Bush,ao poder nâo é um azar,estava preparada a muito tempo,e tais como a Alemanha,França,que viviam em paz, de repente descobriram as virtudes da extrema direita??Aznar que mentia descaradamente ao povo,hum.. nâo como éssa soupa,pior,posilvamente vâo descobrire um outro cristo.Vamos a vêr