Um tipo que não sabe conduzir, que nunca pôs os pés num automóvel desliga a TV a meio das declarações de um ministro e olha tristemente para a caixa de anti-depressivos importados da Alemanha. Hesita em abri-la. Espreita o chocolate suíço mas decide-se pelo comprimido.

Estica-se na cadeira de balouço produzida na capital do móvel, descalça os chanatos alentejanos e é acometido por uma súbita necessidade. Vai ligeiro para a casa de banho sentar-se no trono de porcelana espanhola.

Pensa nas palavras do ministro que ainda apanhou. Ele acha bem, os que usam as auto-estradas que as paguem. A ele não lhe fazem proveito nenhum. Porque há-de estar a pagá-las?
Avia-se e vai ao frigorífico italiano. Tira um saco e começa a depenicar um cacho de uvas marroquinas.
Engasga-se com uma grainha e a seguir com um bago inteiro que lhe fica entalado à entrada da traqueia. Soluça, sai à rua pela porta das traseiras pedindo socorro sem conseguir respirar! Quando está prestes a perder os sentidos quase caindo para a frente de um camião Checo que passa na rua, acorda estremunhado a tempo de evitar o separador da auto-estrada.

É melhor sair na próxima estação de serviço e descansar um pouco.

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