Acho que este comentário do Xavier a este post merece chegar “à superfície”:

1. – As cirurgias têm graus de complexidade diferente. Por outro lado, a capacidade instalada varia de especialidade para especialidade. Há especialidades com capacidade de resposta razoável enquanto que noutras áreas a capacidade é deficitária. Esta capacidade também varia de região para região.
Uma coisa é fazer varises outra coisa é fazer transplantes renais. Uma coisa é operar num hospital com recursos outra é operar num hospital com dificuldades de instalações, equipamentos ou de recursos humanos(por exemplo anestesistas).

2. – É importante saber o número de doentes em programa (n.º de inscritos no SIGIC) e o tempo médio de intervenção por especialidade.

3. – Quando o ministro vem dizer que acabaram as listas de espera induz o público num erro: leva-os a entender que acabaram os doentes em espera cirúrgica e isto não é verdade. Nem é honesto.
O que ministro está a fazer é o balanço de um programa especial por ele desenvolvido para o combate às listas de espera, chamado PECLEC .

A contabilidade deste programa: Inicio: X n.º de doentes, operados: Y, num determinado intervalo de tempo, resultado: estão por operar Z nº de doentes.
Enquanto se desenvolvia este programa, ia-se, entretanto, constituindo outra lista de doentes em espera cirúrgica (por falta de capacidade de resposta do sistema).

4. – Para as coisas serem claras, o que o ministro deveria ter feito era dizer o número actual de doentes inscritos por especialidade (n.º de doentes em espera cirúrgica) e o tempo médio de espera previsto (seis meses).

5. – Ele não fez isto porque para cumprir este programa é necessário aumentar a capacidade de resposta dos hospitais (investimento).

Notas:
1. – A forma mais inteligente de discussão é quantificar os problemas, apresentar números. Há entidades especializadas no estudo destes problemas da saúde como OPSS, que estima que existem actualmente cerca de 170 00 doentes em espera.

2. – Ser médico e do Bloco de Esquerda não lhe dá nenhum crédito especial. Nem todos os Bloquistas são como o Francisco Louçã.

3. -É decepcionante verificar que a mentira já se tornou verdade.
Há que reconhecer ao ministro da saúde o mérito de conhecer o povo com quem lida.

4. – Os programas especiais de combate às listas de espera têm custos elevados. Basta dizer que a actividade é desenvolvida fora do horário normal de funcionamento dos serviços (pagamento de horas extraordinárias).

5. – Um ponto positivo: o inesgotável interesse pelas coisas da saúde e o grande empenho com que as pessoas se lançam na discussão destes problemas.”

Entretanto para mais detalhes é passar por ali. Será que alguém é capaz de honestamente negar o que se diz e escreve neste singelo post?

Discover more from Adufe.net

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading