Mais shots!
Se as aves raras que estão no ministério da Saúde acreditassem que os portugueses eram inteligentes alguma vez teriam promovido as manchetes do dia sobre as listas de espera?
A lista de espera de há dois anos está “quase a acabar”. E a que se foi formando desde então há-de durar poucos meses, prometem. Mais oito ou nove no máximo. 150 mil esperavam em Abril (data da última contagem pública segundo o jornal Público), alguns, então, já esperavam há quase dois anos!
GLQL actualizada como: Se o denonesto soubesse a vantagem de ser honesto
August 6th, 2004 at 9:57 am
Espanta-me que nenhum órgão de informação tenha desmontado esta notícia.
O combate às listas de espera constitui um dos maiores fracassos do ministro, estando muito mediatizado.
LFP aproveita a época de férias para lançar esta mentira na tentativa que junto do grande ppúblico se transforme numa verdade.
Se associarmos vários factos:
1. – LFP, funcionário dos Mellos:
2. – Decisão de nomear o Tribunal Arbitral no caso das dívidas do Estado ao Amadora Sintra, quando havia pareceres do Tribunal de Contas e da Inspeção Geral de Finanças que dispensavam esta nomeação e findamentavam uma decisão favorável ao Estado.
3. – Casos de promiscuidade: NetSaúde, Novartis.
4. A falta de transparência sistemática dos dados da saúde: contas dos hospitais SA, Mortes por onda de calor (2003), número de doentes em lista de espera.
Leva-nos a duvidar sobre a bondade das políticas de LFP.
Mas o pior está ainda para acontecer se houver estabilidade do governo de Santana Lopes.
Num futuro próximo vão-se escrever vários bestsellers sobre a saúde.
August 6th, 2004 at 12:31 pm
Quer do lado do governo quer do lado de quem critica não parece haver muita inteligência. Atiram-se números à sorte: a lista dos 100, a lista dos 120, a lista dos 150, etc. Ainda não ouvi ninguém falar em Prazo Médio de Espera. Aí sim podíamos verificar se a medida está a ter sucesso.
August 6th, 2004 at 12:37 pm
Mas há uma diferença entre ter 125.000 pessoas com um Tempo Médio de Espera de 5,5 anos e ter agora as mesmas pessoas com um tempo médio de 1 ano e meio ou lá o que é.
Olha que mesmo o meu amigo médico bloquista me diz que ‘pese embora os maus caminhos a coisa até funcionou’.
Um abraço
j.
August 6th, 2004 at 2:54 pm
Sim senhores, tempo médio, é isso mesmo. E é isso mesmo que não é indicado pelo Ministério. Apresentam o sucesso da anterior lista de espera e o “desejo” para actual (os tais oito ou nove meses).
Além do “desejo” gostava de conhecer já qual o tempo médio de espera da actual lista, até porque se bem me lembro já houve outros “desejos” para ela há uns anos.
Se por ventura o tempo de espera for o sugerido pelo JCD é muuuito mau sinal. Qual a rotação da lista de espera actual? Os mais de 150 mil representam o quê relativamente à totalidade dos que se inscreverem desde junho de 2002?
Esta falta de transparência faz-me crer, julgo que com razoabilidade, num grande engodo. Se as coisas estivessem de facto a correr bem porquê não sublinhar os números que ignoramos?
August 6th, 2004 at 2:57 pm
Bingo, caro JCD. Porque a nova lista terá no máximo dos máximos doentes que esperam há dois anos. A “antiga” lista tinha pessoas que esperaram cinco, seis e sete anos. Era aí que eu queria chegar: ainda não vi ninguém fazer esse racíocinio que o JCD e que no entanto me parece básico (mas a questão de ser básico pode ser defeito da minha formação que é de Gestão ao passo que este pais foi entregue a caros juristas).
August 6th, 2004 at 10:30 pm
1. – As cirurgias têm graus de complexidade diferente.Por outro lado, a capacidade instalada varia de especialidade para especialidade.Há especialidades com capacidade de resposta razoável enquanto que noutras áreas a capacidade é deficitária. Esta capacidade também varia de região para região.
Uma coisa é fazer varises outra coisa é fazer transplantes renais.Uma coisa é operar num hospital com recursos outra é operar num hospital com dificuldades de instalações, equipamentos ou de recursos humanos(por exemplo anestesistas).
2. – É importante saber o número de doentes em programa (n.º de inscritos no SIGIC) e o tempo médio de intervenção por especialidade.
3. – Quando o ministro vem dizer que acabaram as listas de espera induz o público num erro: leva-os a entender que acabaram os doentes em espera cirúrgica e isto não é verdade.Nem é honesto.
O que ministro está a fazer é o balanço de um programa especial por ele desenvolvido para o combate às listas de espera, chamado PECLEC .
A contabilidade deste programa: Inicio: X n.º de doentes, operados: Y, num determinado intervalo de tempo, resultado: estão por operar Z nº de doentes.
Enquanto se desenvolvia este programa, ia-se, entretanto, constituindo outra lista de doentes em espera cirúrgica (por falta de capacidade de resposta do sistema).
4. – Para as coisas serem claras, o que o ministro deveria ter feito era dizer o número actual de doentes inscritos por especialidade (n.º de doentes em espera cirúrgica) e o tempo médio de espera previsto (seis meses).
5. – Ele não fez isto porque para cumprir este programa é necessário aumentar a capacidade de resposta dos hospitais (investimento).
Notas:
1. – A forma mais inteligente de discussão é quantificar os problemas, apresentar números. Há entidades especializadas no estudo destes problemas da saúde como OPSS, que estima que existem actualmente cerca de 170 00 doentes em espera.
2. – Ser médico e do Bloco de Esquerda não lhe dá nenhum crédito especial. Nem todos os Bloquistas são como o Francisco Louçã.
3. -É decepcionante verificar que a mentira já se tornou verdade.
Há que reconhecer ao ministro da saúde o mérito de conhecer o povo com quem lida.
4. – Os programas especiais de combate às listas de espera têm custos elevados. Basta dizer que a actividade é desenvolvida fora do horário normal de funcionamento dos serviços (pagamento de horas extraordinárias).
5. – Um ponto positivo: o inesgotável interesse pelas coisas da saúde e o grande empenho com que as pessoas se lançam na discussão destes problemas.