O horror!… O horror!
(…)But there are signs that the Reagan-Thatcher era is ending and that the pendulum will swing the other way. Many recent problems have tended to come from the lack of sufficient state oversight, as with the Enron, WorldCom and other auditing scandals, or the privatisations of railways in Britain or electricity in California. The easy gains from privatisation and deregulation have long since been achieved.
(…)
It is perhaps in light of experiences like these that Milton Friedman, dean of free-market economists, said a couple of years ago that his advice to former socialist countries 10 years earlier had been to ‘privatise, privatise, privatise.’ ‘But I was wrong,’ he added. ‘It turns out that the rule of law is probably more basic than privatisation.’ The cost of learning this lesson was high.
Francis Fukuyama (e Milton Friedman) no Guardian, defendendo algum reforço da regulação estatal.
Texto descoberto via Cruzes Canhoto!
Já não bastava a final do ontem… Temos agora este “afinal” estrondoso. Um assomo de bom senso dos gurus do liberalismo, ainda que, como sempre, demasiado simplificador.
Algures pelo meio temos a virtude, o problema – que leva muita gente de direita e de esquerda a manter-se relutantemente no seu bastião extremado muito bem definido – é que não há um mapa inequívoco para se chegar ao bom caminho. Vamos tendo umas pistas mas para já e aí sim, sem margem para dúvida, sabemos (sabemos?) apenas que não há soluções óptimas, daquelas que se conseguem arrumar bem arrumadinhas e formalizar em causas e efeitos de fácil previsão ou em soluções científicas globais.
Um bico de obra para os que fazem do querer e de oferecer promessas “basta adicionar água” a sua exclusiva forma de sobrevivência.
Há homens bons e há homens maus, mas geralmente somos assim, assim.
Enquanto houver homens honestos que se interrogam a coisa vai.
July 5th, 2004 at 11:34 am
Rui, O Fukuyama e O Friedman defendem essa tese para os países de Estados fracos, não para os países desenvolvidos, onde o Estado cumpre o seu papel.
Fukuyama explica bem a sua posição (referindo-se também a Friedman) nesta matéria no seu último livro ‘State Building’. É nos países com Estados fracos que ele defende uma maior intervenção estatal para que existam condições, de futuro, à liberalização económica. Afirma ele que se apostar logo na liberalização sem existir organização administrativa capaz de regular e fiscalizar o andamento da economia todo o esforço e dinheiro investido será em vão.
July 5th, 2004 at 12:37 pm
Já estava à espera dessa André. E terias toda a razão se ele não tivese escrito aquele primeiro parágrafo que citei. Apesar de ele centrar a sua crítica nos países em desenvolvimento, reconhece que também nos outros há matéria para reflexão entre os apologistas duros do liberalismo, não te parece? Os exemplos da “Enron, WorldCom and other auditing scandals, or the privatisations of railways in Britain or electricity in California” não me parece que sejam exemplos de preocupação vindos do “terceiro mundo”…
July 5th, 2004 at 1:46 pm
A intervenção do estado na economia é uma mera questão de bom senso.
O estado deve agir como regulador, ou seja deve fazer com que os excessos não se verifiquem, tanto os excessos das empresas como os excessos do próprio estado.
July 5th, 2004 at 4:56 pm
Mantenho a minha opinião, Rui. Fukuyama distingue bem, muito bem mesmo o que considera o “scope” (alcance) e a “strength” (força) do Estado. E conclui que os Estados com mais força, mais fortes, mas de menor alcance terão mais sucesso.
Isto não é criticar o liberalismo sem mais nada. É, isso sim, criticar o liberalismo sem regras, sem sentido e sem bases de sustentação.
Quanto às críticas que se fazem ao excesso liberalizante nos países desenvolvidos elas vêm dos próprios neo – conservadores americanos. Lei-se Kristol e leiam-se os documentos que deram origem a esta corrente política e rapidamente se chega a essa conclusão.
July 5th, 2004 at 5:33 pm
Fico satisfeito por a expressão “excesso liberalizante” fazer escola entre neo-conservadores, confesso que tenho uma imagem muito extremada das posições que vou conhecendo.
Tenho que me cultivar para ver se percebo que soluções apontam para limitar esses excessos…
July 6th, 2004 at 10:07 am
Fukuyama, a Força e Alcance do Estado
O Rui, do Adufe, defendeu aqui que Fukuyama estaria a colocar em causa a herança de Tatcher e Reagan. Quem lê Fukuyama, principalmente agora, dá-se conta estar perante um homem e pensador extraordinário que coloca e adapta sempre o seu…