Eu tenho um ministério
Primeiro transformo o que é de gestão pública em S.A. para ganhar nos métodos de gestão.
Depois impeço o controlo da administração regional para que não haja entraves à “gestão privada” das unidades S.A.. Se não o fizesse nem valia a pena ter constituido as S.A. não é verdade?
Na mesma onda, acabo com a centralização de encomendas e respectivos concursos públicos a cargo do Instituto de Gestão Informática e Financeira do Ministério. Passa a ser a administração da unidade (de cada unidade) a escolher o “melhor” fornecedor de férias, perdão, de produtos e serviços hospitalares.
Procedo a uma avaliação rigososa do desempenho. Como? Talvez via auditorias da Inspecção Geral do Ministério? Ná! Esses são uma cambada de funcionários públicos, quanto menos meios e menos conseguirem chatear melhor.
Faço uma avaliação “cozinhando” a meu bel prazer os resultados financeiros de cada ano (lembram-se quão consensuais foram os apresentados este ano e as sucessivas versões que foram tendo?) e, na eventualidade, rara, de algum jornal ou corpo de técnicos de alguma unidade denunciar uma má gestão demasiado escandalosa demito a direcção para alguns meses depois a designar (talvez cada um para seu sítio) mas quase sempre para unidades ainda mais importantes, incentivando-os a continuar a cumprir a missão. A bem dos interesses da nação.
Dizem-me que é isto que se passa no Ministério da Saúde do meu país. Você acredita? Deve ser gente com muito má lingua. Eu pessoalmente não sei quase nada que indicie tais práticas. Talvez o Xavier saiba mais qualquer coisinha…
A despropósito, já leram esta hoje no Diário Económico?
June 22nd, 2004 at 2:19 pm
Enfim… como o nosso Primeiro não gosta de remodelações e o Ministro da Saúde parece uma lapa agarrado ao tacho…
June 22nd, 2004 at 2:32 pm
Único comentário: Cambada!
June 22nd, 2004 at 7:08 pm
Mas a adopção deste sistema de gestão configura exactamente isso. A criação de uma fuga ao controle efectuado quer pela inspecção quer pelo próprio Tribunal de Contas que deixe de poder apreciar da legalidade ou ilegalidade dos processos através dos quais vão ser realizadas as adjudicações. Isto presta-se a que possa vir a acontecer uma imensidão de factos que à luz da observância da lei se ela fosse aplicada mas que não é porque foi criado este processo de a contornar, poderiam configurar crime de dolo ou outro qualquer, só que assim tal não acontece. E
viva a rebaldaria consentida por respectivo titular.
June 23rd, 2004 at 12:17 am
Já tinha lido o resumo da notícia do DE.
Após ter obtido a edição impressa (o que não foi fácil) elaborei a “post” que inseri há pouco.
O LFP depois de ter feito transformações nas unidades prestadoras de cuidados, vira-se agora para a Administração Central.
Lembro-me das declarações do responsável da sub-região norte da Ordem dos Médicos, que considerava as alterações efectuadas pelo ministro reversíveis.
Cada vez mais difícil…
O ministro com estas alterações visa também segurar as reformas efectuadas na rede de cuidados.
Durão para a CE.
Um abraço.