Então e o negócio Engenheiro Belmiro?
Não fora o Almocreve que já citava a Grande Loja e esta passava-me ao lado:
“Conselho de Redacção do «Público» demite-se
Em solidariedade com a editora da Secção Nacional, o Conselho de Redacção (CR) do jornal «Público» apresentou a demissão. Em comunicado, este órgão levanta a hipótese de ter existido acto de censura por parte da direcção do jornal.” In TSF
Passo dois dias sem comprar o Público e cai o carmo e a trindade. Curiosamente sob pretexto de uma pergunta que nunca ouvi colocada alto e em bom som nos media portugueses.
Atrevo-me a republicar a notícia da TSF que em breve desaparecerá no ciberespaço e faço votos que Ana Sá Lopes, companheira de blogoesfera e admirável jornalista, encontre um espaço e um jornal que a mereçam. Os leitores agradecem.
Entretanto espanto-me com a durabilidade de José Manuel Fernandes à frente do Público. O Público tem sido um jornal de referência nacional cada vez mais apesar de JMF. É algo que se intui e que se expõe de tempos a tempos.
Com este puxar dos galões e potencial recurso a censura descabida devia o senhor Engenheiro Belmiro de Azevedo (ainda não vendeu o jornal pois não?) avaliar fria e serenamente se não está em boa hora de servir-se de melhor director. Ou será que espera outros dividendos deste cada vez mais evidente prestar de “servicinhos” personificado pelo Director?
Arranje outro! Um que esteja mais de acordo com o livro de estilo/Estatuto Editorial do dito jornal e com os interesses de investidor avisado.
Imaginar que nos dois jornais mais relevantes do país domine o absoluto servilismo ao poder instituido – seja ele qual for -, tendo que constatar que apenas podemos dispor de imprensa engajada (mas não assumida), é um péssimo indicador de imaturidade democrática e um mau sinal para a liberdade de expressão.
Os emprateleiramentos sucedem-se ao som do toque do telemóvel que venha sussurrando vozes de ministros?
Era bom que fossem poucas as barreiras à entrada de um novo título mas sabemos bem que não o são… Ainda assim…
TSF:
MEDIA
Conselho de Redacção do «Público» demite-se
Em solidariedade com a editora da Secção Nacional, o Conselho de Redacção (CR) do jornal «Público» apresentou a demissão. Em comunicado, este órgão levanta a hipótese de ter existido acto de censura por parte da direcção do jornal.
22:34
02 de Junho 04
Em causa está uma notícia sobre Manuela Ferreira Leite. Na abertura da Secção Nacional do «Público» estava escrito que a ministra das Finanças não tinha explicado por que não estaria isenta de coima fiscal mas, nesse mesmo dia, a ministra desmentiu a notícia através de uma nota pessoal dirigida ao director do jornal.
José Manuel Fernandes pensou em publicar a nota da ministra, tendo este trabalho sido dado pela editora da Secção Nacional, Ana Sá Lopes, ao jornalista João Ramos de Almeida.
O director propôs ser ele mesmo a escrever o artigo mas, Ana Sá Lopes considerou que isso não fazia qualquer sentido e pediu ao jornalista para tratar a informação.
A notícia foi paginada mas nunca chegou a ser publicada, porque a direcção decidiu retirar o artigo. Ana Sá Lopes demitiu-se.
José Manuel Fernandes falou com a editora e disse-lhe que tinha perdido a confiança nela e já há muito tempo que não confiava em João Ramos de Almeida. Disse ainda que a notícia não tinha sido publicada porque a ministra não queria que fosse o jornalista a tratar do assunto.
O Conselho de Redacção questiona, em comunicado, se se trata de censura, considerando que a notícia é inatacável e deveria ter sido publicada.
Outro comunicado foi, entretanto divulgado, assumindo a demissão de funções porque o director disse que não se reunia mais com aquele órgão.
June 3rd, 2004 at 9:10 pm
Gostei deste post.Por aqui se prova que o poder económico quando se apercebe que da parte do poder instituído não existe receptividade aos seus projectos de negócio e tal possa estar ligado com artigos de opinião ou crónicas publicadas no jornal do grupo, pelo seus colaboradores, inflecte-se a estratégia com vista a que num futuro próximo seja alterado da parte do poder essa postura, nem que para isso tenham que dispensar bons colaboradores e isso resultar num decréscimo da qualidade do jornal.
Pelo que logo que isso aconteça, vende-se o jornal.
June 3rd, 2004 at 9:52 pm
Parabéns à minha muito querida ex-aluna Ana Sá Lopes.
A dignidade não se vende.
Que bela lição dada por uma Mulher. (esta com M)
June 3rd, 2004 at 11:12 pm
O exercício diário do jornalismo neste país é cada vez mais difícil. A direita ufana-se no poder, mas treme ao mínimo disparate que deixa escapar e corre a “telefonar” para cortar o que disse sem receios… No Público, JMF tem ajudado a destruir um dos últimos bons espaços de liberdade de imprensa.
June 4th, 2004 at 9:36 am
Dantes os jornais tinham um só dono, agora fazem parte de grupos económicos e como é óbvio, não podem noticiar nada que seja prejudicial a esse grupo.
Plain and simple!
June 4th, 2004 at 11:41 am
O Glória Fácil permanece mudo, compreendo perfeitamente que o faça. Nestes casos complicados conseguimos saber as opiniões de todos menos dos implicados.
Mas a seu tempo algo transpirará.
June 4th, 2004 at 12:07 pm
Assim esperemos, Mário.