O texto de Jorge Candeias (excerto no post anterior) remete-nos para uma questão que julgo pertinente.
Atendendo ao nosso sistema eleitoral e à forma como é vivido, constatamos que têm crescido as divergências entre a matéria de facto e a de jure, digamos assim.
Estamos caminhando em direcção à fulanização ao nível da escolha do poder executivo com os partidos e o respectivo programa a serem essencialmente o seu líder do momento ao ponto da identificação ultrapassar a “simples” representação conjuntural em jeito de porta-voz. É também por isso que choca muita gente imaginar outro primeiro-ministro que não Durão Barroso nesta situação concreta. Tanto mais chocante quanto mais distante a hipótese se afastar da imagem e dos ideais (e ideias) personificadas por Barroso é certo… mas ainda assim sempre constituindo uma ruptura chocante.
A continuarmos esta caminhada no sentido da simplificação via “figura de proa” e com o previsível incremento do desfasamento face ao que está estabelecido pela constituição, as situações de conflito e incompreensão agravar-se-ão também. Se considerarmos inevitável – nós, os media e os partidos – a atracção por este modelo, mais vale pensarmos seriamente numa mudança do sistema político português separando claramente e eleição do poder legislativo do executivo, remodelando consequentemente o próprio regime semi-presidencialista. Seguindo o rumo actual (que não considero apesar de tudo uma inevitabilidade!) provaremos a falência do modelo político vigente na constituição. Quanto mais cedo nos esclarecermos melhor para todos nós.

(post para memória futura)

Discover more from Adufe.net

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading