Há alguns anos atrás, era ainda pequeno, chorei convulsivamente, sozinho no meu quarto, depois ter assistido a um episódio de uma série da BBC que retratava a vida num esquadrão da RAF durante a batalha de Inglaterra.
“Naquele dia” o avião de um dos heróicos pilotos foi abatido.

Porquê o choro? Não era a minha primeira morte na TV, já não era suficientemente pequeno para que não percebesse o que podia ser a guerra, para que não soubesse quão determinante ela sempre foi entre os homens. Na medida do entendimento dos meus 10, 12, 14 anos (?) já me tinham apresentado o horror do Holocausto, da guerra das trincheiras…

Também já tivera tempo para perceber quem fazia e por quem passava inevitavelmente o sofrimento da guerra: pessoas comuns como eu, como o meu pai… Percebia, ou pelo menos assim pensava.
Naquela noite, não temi o escuro do quarto, um “inimigo” há muito derrotado… Naquela noite, sei lá eu porquê, sem luzes, anjos ou foguetório onírico, comecei a perceber verdadeiramente qualquer coisa que me há-de acompanhar até ao fim do meu mundo. Uma “qualquer coisaâ€? absolutamente indizível para as minhas capacidades. O melhor que posso dizer é o que aqui lêem. Sei apenas que se algum desconforto carrego devido a esse saber, ele resulta do receio de por algum inoportuno momento regressar à ignorância.

Eles morreram por nós. Saibamos nós viver por eles!

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