Revista de Imprensa – INE
INE
Auditoria da IGAP contraria Roland Berger
António Freitas de Sousa
Uma auditoria da Inspecção-Geral da Administração Pública (IGAP) concluída em Maio de 2003 sugere à administração do INE que aprofunde a regionalização dos seus serviços, através da «transferência de competências dos serviços centrais para as direcções regionais».
Uma medida de sentido oposto à que é sugerida pela Roland Berger – que propõe o encerramento destes serviços e que, tudo indica, será aceite pelo Governo.
Entretanto, na cerimónia que assinalou os 69 anos da instituição, José Mata acabou por lançar mais dúvidas internas, ao falar no risco de desmembramento do INE, um cenário que foi considerado e que ainda não está afastado.
in Diário Económico
May 27th, 2004 at 12:59 pm
Acredito muito mais na capacidade de análise estratégica da Roland Berger do que no IGAT…
j.
May 27th, 2004 at 2:13 pm
Fiquei curioso em saber o porquê dessa supremacia da Roland Berger.
May 27th, 2004 at 3:07 pm
Porque são especialistas que só são remunerados se forem tendo sucesso nas estratégias que sugerem. Se os relatórios que lhes encomendam forem parar à gaveta, deixam de conseguir angariar novos clientes.
Além disso, porque são das melhores consultoras disponíveis em Portugal em estratégia e porque já encalhei em projectos Roland Berger e sempre os achei perfeitamente fundamentados e bem feitos. (Lactogal, ANA, RTP e outros).
Tanto quanto conheço a empresa, estão-se nas tintas para considerações ideológicas e procuram a melhor solução em cada caso e não fazem ‘encomendas’.
Um abraço
j.
May 27th, 2004 at 3:21 pm
Já por outro lado quanto ao IGAP?
May 27th, 2004 at 4:14 pm
Não me parece que a Inspecção-Geral da Administração Pública tenha como missão definir a estratégia dos organismos públicos, nem acredito que tenham qualquer know-how que os habilite para o fazer.
j.
May 27th, 2004 at 4:20 pm
Pelo que vou lendo do relatório da RB e pelo que sei que foi feito pela Roland Berger no INE – o trabalho do IGAP sei que foi exaustivo e mais moroso mas não conheço as suas conclusões detalhadas – também me apetece dizer que «Não me parece que a Roland Berger tenha como missão definir a estratégia dos organismos públicos, nem acredito que tenham qualquer know-how que os habilite para o fazer.» Modestia à parte eu acho que faria muuuito melhor.
May 27th, 2004 at 4:21 pm
Ver relatório da Roland Berger aqui: http://www.reestruturacao-ine.org/
May 27th, 2004 at 5:19 pm
Rui
Sei que este assunto te envolve pessoalmente, por isso não quero entrar muito no detalhe, até porque estou de fora.
As vossas reacções ao estudo da Roland Berger (que me parece mais uma vez muito bem feito, pelo menos ao nível de outros que já vi) são exactamente iguais às reacções que vi na RTP. Eram todos contra. Hoje a maioria aplaude. O problema está sempre nos despedimentos. Ninguém aceita de bom grado a saída de colegas de trabalho ou o receio de que ´sejamos nós os escolhidos. Da RTP sairam 800 trabalhadores e hoje é quase unânime entre os que ficaram que a RTP está melhor.
E não concordo contigo: A Roland Berger tem como missão definir a estratégia dos organismos públicos quando é contratada para o fazer. São profissionais (excelentes profissionais, imho) e fazem o que lhes pagam. O sucesso de empresas como a Roland Berger e a McKinsey constroi-se ao longo de muitos anos e baseia-se na solidez dos seus conselhos: nunca fazem fretes a quem encomenda os relatórios. Para fretes, encomendas os trabalhos a uma das dezenas de pequenas empresas de consultadoria que por aí pululam. Sai mais barato e o resultado é garantido.
Já assisti à recusa de grandes empresas de consultadoria estratégica em aceitar trabalhos justamente porque a encomenda implicava uma visão predeterminada no relatório. No caso da RB, em particular, até são especializados no sector público e em entidades não lucrativas.
Só mais uma nota: a página do relatório do IGAT que está disponível não contraria em nada o Roland Berger.
O que o relatório diz é que, uma vez decidida a descentralização, devem fazer de uma determinada maneira. A RB sugere um caminho diferente ao que percebo.
Sugere aos teus colegas que coloquem online todo o relatório do IGAT e já agora todo o da RB (só consegui carregar parte do relatório, dá erro a partir da página 40).
Como sabes tenho um amigo aí dentro que mudou de opinião assim que soube que haveria despedimentos. Mas a análise original dele apontava justamente para a ‘má decisão’ da regionalização, que teria empolado fortemente os custos e teria feito o INE perder a autonomia financeira. Estou convencido que ele tinha razão…
Um abraço e felicidades
j.
May 27th, 2004 at 7:41 pm
Há um erro inicial que acho que se incorre aqui. A estratégica dos serviços públicos por definição estabelece-se na Assembleia da República e no Governo. Eles é que têm a missão de saber o que querem que o INE faça. É essa a distinção fulcral da esfera pública num regime democrático. Qual a missão que querem para o produtor oficial de estatística tenha. Essa deve ser uma premissa inicial a qualquer trabalho. A RB que viesse dizer quais as alternativas mais eficientes de prosseguir a missão do INE mas não o inverso.
O resto segue em privado.
May 27th, 2004 at 10:55 pm
Recebi um e-mail teu completamente ilegível. Desconfio de um bug no gmail. Se puderes reenviar para o hotmail, agradeço.
j.
May 28th, 2004 at 2:20 am
Não querendo minorizar qualquer dos relatórios, parece-me estranho que se faça passar a mensagem de que ambos são concordantes e se avance com a indicação de que o relatório internacional é no mesmo sentido quando se sabe que ainda não foi produzido sequer um draft preliminar, estando a decorrer a fase de entrevistas!
Em relação ao mérito dos dois conhecidos, um esteve em todo o INE a recolher informação e complementou-a ascultando os clientes e fornecedores de informação do INE (IGAP) o outro traduziu-se em envio de inquéritos aos funcionários elaborados de forma a permitir retirar ilações diversas! (Roland Berger)
Todos sabemos como conduzir inquéritos e entrevistas e todos nós sabemos elaboarar trabalhos meritórios com base na informação que nos for disponibilizada….