A nossa Estrela (act.)
Com uma ajudinha do Paulo Portas (uma boleia de F16) e uma ligeira revisão no estatuto das incompatibilidades a senhora vereadora, deputada municipal, deputada da Assembleia da República, Edite Estrela (ver notícia do Público descoberta via Irreflexões) ainda consegue fazer um três em um quando for eleita deputada ao parlamento europeu.
Saber que depois de ter sido condenada em julgamento por infracções no exercício de funções executivas – uma sentença carregada de significado político – esta senhora – em quem em tempos votei! – consegue ser designada em lugar elegível para representar o país no parlamento europeu – sem o mais pequeno esforço de reciclagem, de travessia no deserto/processo-de-conquista-de-humildade – é aviltante!
Junta-se o facto de o ir fazer numa lista encabeçada por Sousa Franco que tem no cartão amarelo ao Governo – e não no projecto europeu – o único mote de campanha e ainda um número quatro da dita lista que já avisou não ir cumprir o mandato até ao final por compromissos com uma estrutura local do partido (fará o sacrifício de concorrer a uma Câmara Municipal) e tenho de concluir que é demais para quem respeite minimamente a sua inteligência e tem algum entendimento do que deve ser uma democracia e o papel de um partido no regime.
Infelizmente (eu acho), muitas vezes na vida me decidi pelo que não queria. Nas próximas eleições para o Parlamento Europeu não quero votar no PSD/CDS, não quero votar no BE, não quero votar na CDU e não vou votar no PS.
Em branco, nulo ou na abstenção?
Assustador é sentir o risco de nas eleições seguintes se repetir novamente a mesma tripla… Estou farto da lógica do mal menor e do voto útil. Mas como sair deste enredo?
May 13th, 2004 at 7:22 pm
Pois é.Boa pergunta. Porque nenhum destes partidos serve e como não dispomos de outros, opta-se pela abstenção, não se conseguindo com isso alterar minimamente o rumo das coisas e então, que fazer uma vez não dispormos de outro quadro político senão aquele que temos.
May 13th, 2004 at 7:43 pm
E depois ainda têm a lata de vir dizer que a abstenção é o seu maior adversário. Será que temos realmente os políticos que merecemos?
Por falar em abstenção: será que os dirigentes do PS acreditam mesmo que as pessoas não votam por causa do horário das mesas de voto? Já pensaram em olhar por eles abaixo?
May 13th, 2004 at 7:46 pm
Nestas eleições há 13 partidos a concorrer, por isso se só 4 listas estão descartadas (PSD/PP, PS, CDU, BE), ainda lhe restam nove hipóteses.
Se o problema é estar farto do mal menor e do voto útil, então os chamados partidos pequenos são a melhor opção.
Uma abstenção em massa é normal e vão-se inventar mil razões para a justificar.
O voto em branco também já tem culpados: os leitores de “Ensaio sobre a Lucidez”, de José Saramago.
Só a opção de muitos eleitores pelos pequenos partidos não terá justificação fácil do lado dos grandes e médios… E como até há o risco de eleição, seria interessante ver como se safavam os comentadores dos costume no momento da análise, em caso de eleição de eurodeputados do MRPP, POUS, MPT, PH, PDA, PPM, PND, M-D ou PNR…
May 13th, 2004 at 7:49 pm
A política, como o futebol, virou um antro de imoralidades, negociatas, oportunismos e os muitos qualificativos que ficam a faltar. A democracia tipo ocidental não é um sistema perfeito, como aliás não é nenhum. Mas em Portugal é ainda menos perfeito. Compreende-se bem porque se não investe a longo prazo e investir a longo prazo é investir nas pessoas. Cada país é, definitivamente, o povo que tem. Sendo este inculto, a rasar os limites da subsistência, será dócil. Estenderá sempre a passadeira a quem lhe der o pão. É o que temos: tudo o que não resolve!
May 13th, 2004 at 8:53 pm
Há sempre a hipótese de adornar o boletim de voto com umas belas asneiradas 🙂
Não adianta muito, mas sempre alivia.
May 13th, 2004 at 9:21 pm
Ou então umas anedotas para animar os contadores de votos…
May 13th, 2004 at 9:27 pm
Jazzy: há autismo, sem dúvida…
Luís Humberto Teixeira: vou pedir ajuda a uns amigos que já passaram por aqui e levaram à prática o seu conselho investigando os pequenos partidos. Para descargo de consciência…
Placard: perante esse diagnóstico o que fazer? Não consigo entregar-me à resignação pura e simples. Mas hoje estou sem ideias…
Congeminações: se não nos satisfazem e nos achamos melhores resta-nos ser políticos?
May 14th, 2004 at 12:26 am
Bem que eu te percebo, bolas!!!
O mais difícil de suportar é estarmos 30 anos após o 25 de Abril nesta situação ..
Lá vou beber um gin tónico …
abraço
GIN
May 14th, 2004 at 10:00 am
Não tem a ver com partidos Rui, mas com as “familias” que supervisionam os 2 maiores, como é que uma pessoa com ideias e não pertencente a uma “familia” sobrevive à máquina trituradora de um partido ?
Achas que é por acaso que os melhores valores de ambos quase nunca se encontram nos elencos governativos ?
Isso dá que pensar….
June 7th, 2004 at 12:18 pm
Proponho-vos saírem desta “alhada” votando no MPT-Partido da Terra. Era giro eleger deputados verdadeiramente ecologistas ao Parlamento Europeu e dar uma “chapada” na cara dos pseudo-comentadores… Pensem nisso…todos! Abraço
June 7th, 2004 at 12:21 pm
E, já agora, para saberem em quem irão votar…consultem:
http://www.mpt.pt
Abraço
Pedro José