Quanto é que pagas para eu ir de combóio? (act.)
Adenda II: A discussão segue animada na caixa de comentários. Por isso volto a dar destaque de “primeira página” a este texto.
A notícia editada hoje no Público sobre a falência dos parques de estacionamento junto às estações da CP na linha de Sintra informa-nos sobre uma evidência que podíamos bem ter evitado comprovar.
Nem mesmo na linha de Sintra, onde apenas o ultra congestionado IC 19 serve de via de acesso rodoviário à cidade, as pessoas optam por deixar o carro no estacionamento da sua estação. É muito mais carro, mais moroso (na linha de Sintra não tenho qualquer dúvida) mas mesmo assim não há mudança na atitude privilegiando-se o popó.
As mentes brilhantes, provavelmente do liberalismo económico, sub-valorizaram os animal spirits dos cidadão pendulares construíram os parques de estacionamento junto das estações e exigiram pagamento. Com forte probabilidade a medida seguinte será colocar parquímetros e reforçar o policiamento nas redondezas do estacionamento tentando forçar coercivamente a viabilidade financeira dos parques. Espero sinceramente que não se vá por esse caminho que em nada contribuirá para cativar mais utentes para o combóio. Na melhor das hipóteses encarecerá os custos dos utentes regulares podendo mesmo desmotivá-los dessa opção. Hoje, estes, por livre iniciativa já usam o comboio e deixam o carro fora do parque para pouparem mais alguns euros no final do mês, não sem prejuízo de alguns minutos de sono que perdem para poderem arranjar lugar disponível.
Pela amostra do que tem sucedido, os automobilistas da Linha de Sintra continuarão a achar que o que se paga a mais por estacionar em Lisboa é compensado pelas vantagens que encontram no automóvel e manterão os seus hábitos de anos.
O hábito… Em Sintra (como em qualquer braço de polvo urbano onde o comboio está instalado há muito) o hábito não é irrelevante para avaliar e implementar um sistema de gestão dos transportes local. Contrariamente ao que se passa na margem sul onde o combóio surgiu como novidade, onde a estrada de acesso à cidade é paga (talvez os custos por isso sejam há mais tempo interiorizado e percebido pelos utentes) e onde as pessoas se sentiram e sentem motivadas para fazer mais contas perante (menor rendimento per capita?), os parques integrados no passe dos transportes públicos surgem mais atraentes e bem sucedidos. Apesar destes palpites é difícil explicar as diferenças de comportamento. Sei é que a solução de viabilização local de cada parque de estacionamento junto de estações por si próprio pode, neste caso de Sintra, não ser a solução mais eficiente. Seguramente não é, como o provam já vários anos de fracasso, um contributo para cativar novos utentes para o combóio.
Antes de mais elaborações e como solução imediata, faria sentido, mais do que aumentar o policiamento e introduzir parquímetros em torno de todas as estações, evidenciar aos utentes as vantagens e o interesse colectivo da utilização do combóio de uma forma distinta. Como? Sem gastar um tostão em investimento adicional. Proponho que se financie a gestão dos parques de estacionamento dissuasores com parte das verbas recolhidas pelos parquímetros localizados no interior da área de maior congestionamento, ou seja , com parte das verbas da EMEL (empresa pública municipal do concelho de Lisboa). Aliás, a gestão da Emel deveria ser integrada com as gestão das empresas responsáveis pelos parques dissuasores. Poder-se-ia manter a exploração privada desses parques, poderia até haver uma dotação (custo por carro/hora estacionado) tanto maior quanto maior a taxa de utilização desses parques por forma a aproximar ao máximo as condições de mercado.
Os que tivessem necessidade absoluta ou capacidade financeira ou teimosia e continuassem a trazer carro para Lisboa financiariam uma melhor fluidez da circulação contribuindo para que outros optassem por um transporte que não concorresse com o deles pelo acesso à cidade no IC 19, na A5, na A8… O ideal, em zonas de hábitos arreigados, seria mesmo lançar promoções durante alguns meses onde o estacionamento nos parques junto das estações desse direito a viagens de comboio, a bilhetes de autocarro (urbanos e/ou suburbanos) ou metro. Implementadas estas medidas e garantida a capacidade de reforço da oferta de combóio caso houvesse correspondência da população, se necessário, para garantir a sustentabilidade do sistema, deveríamos encarecer os parquímetros no interior da cidade.
Espero que a nova autoridade para a gestão da mobilidade da área urbana de Lisboa tenha competências, capacidade política e esclarecimento para avaliar sugestões como esta e implementar as que ofereçam melhores garantias de sucesso por menos ortodoxas que pareçam.
April 19th, 2004 at 1:12 pm
Rui,
Plenamente de acordo com esta tua ideia, de fazer com que quem vem de carro para os centros urbanos financie os que optam pelo transporte colectivo, mas duvido que haja poder político que tenha coragem para implementar uma medida destas, mais a mais quando implica a cooperação entre diferentes municípios de distintas cores políticas e com distintos interesses…
Oxalá me engane!
April 19th, 2004 at 1:17 pm
Deixa ver…
1. Na linha de Sintra paga-se 1,1 € por dia para deixar o carro num parque guardado, ou ainda menos com assinatura mensal, e esse montante mal chega para pagar ao pessoal dos parques.
2. Quem traz o carro para Lisboa, paga cerca de 1€ por hora, ou seja 8 euros por dia, e enfia-se horas numa fila de trânsito.
Perante isto, achas natural que as pessoas escolham a segunda opção, porque a primeira não é de borla, apesar dos parques já serem subsidiados e de a Refer já ter prejuízos que chegem com estes parques.
Continuas a achar que é natural que as pessoas parem em cima dos passeios, mas achas mal que a polícia faça cumprir a lei autuando os que dão cabo da qualidade de vida e do comércio próximo das estações, estacionando os carros anarquicamente em cima dos passeios e ocupando todo e qualquer lugar disponível que tanta falta fazem ao comércio local. (e que por isso devem ser protegidos com parquímetros).
Percebi bem?
April 19th, 2004 at 2:59 pm
NunoP: És capaz de ter razão mas havendo a ideia e sendo discutida ainda há esperança. É que ideias más e o agravamento do problema têm sido uma constante. Por acaso gostava de ter uma ideia da popularidade de uma medida como esta aqui apenas esboçada…
April 19th, 2004 at 3:20 pm
Hipoteticamente, coloquei a questão de começar a vir de comboio (linha de Cascais) para Lisboa. Mesmo demorando mais tempo, que demoraria, mesmo apanhando chuva na parte a pé, que apanharia, mesmo sendo bem mais desconfortável, que seria…não há sequer estacionamento na estação de onde saio. Nem pago nem sem ser pago. Questão resolvida. Continuo a vir de carro.
April 19th, 2004 at 3:40 pm
Não JCD. Não percebeste bem.
Começando pelo fim. Defendo a lei e a ordem. Defendo que o estacionamento ilegal seja combatido em qualquer local. Não advogo nenhum laxismo na aplicação da lei. Não lhe vejo é nenhuma vantagem adicional para resolver este problema concreto: reduzir a utilização do transporte individual em favor do colectivo. E duvido que atafulhar as zonas limitrofes dos parques dissuasores com parquimetros não tenha (também) como efeito o espírito: “Ai é, agora tenho mesmo que pagar? Então prefiro correr o risco de ser multado em Lisboa!”.
Tudo isto iria, perante cidadãos tão “chico espertos” e amantes da teoria das probabilidades (qual a probabilidade de ser multado?) levar à necessidade de extremar a via policial e sinceramente, havendo alternativas que a meu ver contribuirão para que haja menos desrespeito à lei e melhores resultados (penaliza-se quem mais prejudica os outros, ou seja, quem leva o carro para Lisboa), com menor intervenção do Estado (menos polícias, menos intermediários) prefiro a minha via mais “comercial”, mais amigável, mas necessáriamente mais integrada.
O “lucro” aqui não está estritamente na avaliação da viabilidade económica dos parques per si. Temos de internalizar os custos/proveitos do congestionamento, da rentabilização de toda a rede de transportes, de forma mais eficaz no relacionamento entre os utentes e as infraestruturas. Ou seja, temos de reajir à “anormalidade” do comportamento da maioria tentando cativá-la em vez de combate-la abertamente.
Se o plano de negócio dos parques de estacionamento tivesse assentado em premissas razoáveis para o meio em que se inseriam, estes seriam viáveis. Com as taxas de ocupação que efectivamente se verificam, não o são. Ou seja, as pessoas não estão, de facto, a utilizar a racionalidade económica como alguns poderiam esperar. Respondendo à tua pergunta: Não acho “natural” mas é um facto que as pessoas da linha de Sintra preferem (uma boa parte delas) a segunda opção.
JCD, vivi quase 30 anos na Linha de Sintra e não me espanta o que está a acontecer. Tudo piorou para os residentes que trabalham em Lisboa e têm de se deslocar de carro para ter acesso ao combóio. Por exemplo, em Rio de Mouro (linha de Sintra), o serviço de transporte de passageiros via ferrovia melhorou um pouco em hora de ponta (um pouco apenas) e o popó que antes podiam deixar de borla à porta da estação agora tem de ser pago. Nada que se compare com a revolução que tiveste em Almada, por exemplo…
Não é assim que convences quem já não usava o combóio a usá-lo. Terias de ter uma situação melhor do que a anterior para concorreres com a irracionalidade do automóvel. Por isso defendo: penalize-se ainda mais o carro dentro da cidade (se necessário! ver EMEL) e estimule-se com discriminação positiva quem deixa o carro à porta da cidade (ou da Estação da CP ou de casa).
April 19th, 2004 at 3:45 pm
De facto uma realidade que necessita de uma séria ponderação.
April 19th, 2004 at 3:55 pm
Mesmo na Linha de Sintra, Algueirão-Mem Martins (cerca de 200.000 habitantes) por exemplo, ainda não há estacionamento dissuasor. Naquele caso é fisicamente impossível enquanto não alterarem a localização da estação (nem pensar em construir subterrâneos, devido aos custos).
Não havendo essas opções resta pouca escolha ou pelo menos há poucos incentivos a não trazer o carro. Há uma lógica de serviço, de agilização do sistema por forma a melhorar as condições de vida da comunidade que não pode ser ignorada quando pensamos nestas soluções. E isso tem estado ausente e continua ausente da maior parte das medidas tomadas. A Refer lembra-se de uma coisa, o Metro de outra, o Santana Lopes não pára de ter ideias brilhantes…
O INE lá vai fazendo alguma pesquisa a que poucos têm dado atenção.
Há uma responsabilidade colectiva no problema de organização criado. Se um dia tiveres as condições que hoje não tens e te dispuseres a mudar de hábitos, estarás a garantir o sucesso do esforço de organização que algum político um dia venha a fazer. Na mesma linha de Sintra, há apenas 10 anos não havia (se não estou em erro) um único parque de estacionamento exclusivo para quem usa o combóio. Hoje as estações que não têm são as excepções. Pode ser que a prazo se passe o mesmo na Linha de Cascais.
April 19th, 2004 at 4:17 pm
Olá
Ainda não percebi bem.
O preço do estacionamento é o factor dissuasor? MAs os valores que o JCD refere não me parecem escandalosos.
Será também pela qualidade (ou falta dela)dos serviços da CP?
Devida à falta de integração do sistema de transportes?
De facto, a situação parece-me manifestamente diferente da margem sul.
April 19th, 2004 at 5:24 pm
Isabel, saber exactamente qual é âOâ? problema na linha de Sintra é complicado. Posso falar de alguns tipos sociais que conheço.
A linha de Sintra é de longe a mais utilizada, logo, em horas de ponta a qualidade do serviço não é tão boa como na margem sul (as pessoas vão mais apertadas). Contudo, a frequência aumentou nos últimos anos e foram introduzidos combóis expresso (“especiais” que não param em todas as paragens encurtando o tempo de viagem). Não sei se a oferta de ferrovia terá acompanhado o afluxo de habitantes, talvez…
Mas esta é só uma vertente, é preciso ver também que muita gente tem uma ideia completamente negativa do combóio, uma ideia do serviço muito pior do que ele é na realidade.
Há muita ignorância à mistura e pouca vontade de experimentar. à muito fácil encontrar automobilistas que se agarram à s greves da CP – apesar de tudo marginais – ou ao cheiro do preto que uma vez apanharam sentado ao lado no combóio (seria só o cheiro a incomodar?) – ah como é puro o ar no IC 19! – ou ainda à insegurança – esta é a mais hilariante das desculpas, insegurança nas horas de ponta num combóio cheio de gente, só se pensarem em atentados! – para justificarem a sua opção para a vida: CARRO! SEMPRE!
Os estudantes universitários cujo papá (e a mamã) ofereceram carrinho põe, por regra, liminarmente de parte, regressar ao combóio. Nem que isso signifique duas horas no IC 19. à impressionante o sobreafluxo de trânsito quanto se iniciam as aulas (e não, não são só os pais a levar os filhos à creche – é espreitar para os popós ao lado e vê-los com condutores sozinhos, sub-25).
O poder económico dita em muitos casos a opção: automóvel. Status, conforto… Para muita gente demorar uma hora em média (e frequentemente duas horas, havendo “toques”) para fazer menos de 20 km é impensável. Para muitos frequentadores do IC 19 corre o risco de ser genético e é perfeitamente quotidiano há vários anos. A alternativa que muitos foram seguindo foi acordar mais cedo e a consequência é que as filas de trânsito ao longo dos últimos 30 anos foram começando cada vez mais cedo. O meu contributo foi usar o comboio e votar com os pés assim que pude mudando-me para Lisboa. Estou agora na terceira fase com esta palavras 😉
Ou seja, há um sem número de pretextos, boas razões, não-razões para explicar o comportamento de quem usa a estrada mais densamente movimentada da Europa… Contraria toda a teoria dos transportes e das rede, a racionalidade económica, alguns princÃpios de micro-economia, teoria dos jogos (desculpem as redundâncias), whatever!
Para uma boa parte dos que pretendemos mobilizar para mudar de comportamento acho que as medidas que proponho poderão ter efeito (pelo menos muito melhor efeito do que as actuais!) mas não serão suficiente. Provavelmente. à até provavel que com os próximos anos o problema da qualidade do ar atinja uma gravidade tal (Em Lisboa mas também nos subúrbios onde geralmente não há tanto controlo) que outras medidas mais drásticas que agora evito referir tenham de ser tomadas.
Para já, combinar estas medidas, com as promoções em bilhetes, (oferecer bilhetes via mailing a todos os residentes não seria mal pensado também, como se fez na margem sul) combinando-a com as campanhas publicitárias seria um investimento que na minha modesta opinião valeria mais a pena do que todos os anúncios ao “caracol” ou ao “Deixe de ver passar os comboios e venha daÔ. à preciso é tudo estar integrado e pronto a funcionar. Apliquemos um pouco mais ousadamente as técnicas de marketing corrente e não perder a noção do que está em causa e do que se pretende. Melhorar a qualidade de vida das pessoas garantindo um desenvolvimento sustentável.
Nota: quando escrevi estacionamentos dissuasores referia-me à lógica de dissuadirem a entrada na cidade por se localizarem na periferia.
April 19th, 2004 at 7:22 pm
Até porque…
na margem sul, os comboios da Fertagus estão cheios, os parques dissuasores estão cheios e o preço parque+comboio é muito superior ao da linha de Sintra.
Basta ver que a mensalidade dos parques da linha de Sintra é de 12,50 euros/mês e nos parques da Fertagus, ao que sei, é cerca de 30 euros/mês.
A grande diferença é mesmo, quer queiramos quer não… a existência de espaço para estacionamento abusivo junto às estações e a falta de fiscalização.
Na realidade há duas estações da linha de Sintra cujos parque dissausores estão com muitos carros: Amadora e Portela de Sintra. Na Amadora a fiscalização parece ser eficaz. Na Portela de Sintra não há muito espaço para estacionar fora do parque. Nas outras estações é que é o granel que se vê porque todas as ruas vizinhas são utilizadas livremente para estacionar, à custa da qualidade de vida dos moradores das cercanias da estação e do comércio local.
A minha colega P. tira o carro de casa todos os dias para andar 200 metros e deixá-lo em cima do passeio ao lado da estação. Pode estar a chover quando regressa, explica. NUNCA foi multada…
jcd
April 19th, 2004 at 9:12 pm
Isto é uma discussão sem fim. As envolventes destes parques são um apelo ao caos e ao estacionamento ilegal. Ontem fui a Sete Rios e fiquei horrorizada com a desordem junto à estação. Tirei fotografias e mandei para a Câmara. Antes que me despachassem para a Administração do Metro e CP, mandei para os três. E as acessibilidades são um escândalo.
April 19th, 2004 at 9:57 pm
Pois é JDC e Isabel. Esta é uma discussão sem fim mas que tem de se fazer… Ir fazendo.
JCD: é preciso não perder de vista que o objectivo não é canalizar para os parques aqueles que já usam o combóio e que hoje deixam o carro fora do parque se puderem. Os parques deveriam servir de complemento atractivo ao uso do combóio. Instalando parquimetros no exterior e aumentando o policiamento poderemos, sim senhor, melhorar as condições dos residentes, disciplinar o estacionamento e no limite encher os parques com os carros dos utentes de sempre. Em vez de o espaço vazio ficar no interior fica no exterior dos parques. Na cabecinha das pessoas ir de combóio fica associada a pagar o bilhete + o parquímetro. Com o contexto que te referi para o utente da linha de Sintra esta é uma mistura pouco apelativa. Não estou nada seguro da extrapolação que fases da Portela e da Amadora. Nesses casos há efectivamente um excesso de procura de estacionamento para a oferta disponível. Não se trata de ser mais barato deixar no parque da CP (pelo menos na Portela sei que é assim). Ao instalares os parquímetros e reforçares o policiamento mantendo os preços dos parques CP, corres o risco, como já frisei, de perderes alguns “cientes” que deixavam o carro de borla e iam de combóio e que perante o pagamento obrigatório resolvem ir pagar parquímetros para Lisboa.
Resultado: Ganho zero para o objectivo inicial que era atrair novos utentes.
Por princípio os estacionamentos construídos com o fito de evitar a entrada de carros na cidade deveriam ser gratuitos ou tendencialmente gratuitos (na margem sul parece não haver necessidade de gratuitidade). Talvez uma estúpida portagem no IC 19 (tipo ponte 25 de Abril) ajudasse. Estúpida porque, teoricamente, o engarrafamento já deveria ser suficientemente desmobilizador para os que não usam o automóvel com grande benefício e devido a extrema necessidade (que não a do conforto, da vaidade pessoal, ou da pura ignorância das alternativas). Devia ser mas não é. O automóvel é para muita gente um vício. Talvez por aqui se perceba porque tanta racionalidade junta nem sempre funciona conforme esperado…
April 20th, 2004 at 12:30 am
sem contar com o stress que é conduzir no pára-arranca.
eu vou sempre de comboio e é um luxo: nunca me atraso e posso sempre ler o Público descansado…
April 20th, 2004 at 9:17 am
Quer-me parecer é que o metro já devia ter chegado a Sintra.
A frequência necessária para satisfazer o fluxo de passageiros da linha de Sintra é de uma ordem para a qual a ferrovia tradicional (leia-se comboios pesados) não consegue dar resposta. Por isto, parece-me que a ferrovia ligeira (vulgo metro), possivelmente de superfície (para diminuir os custos) poderia ser uma alternativa a considerar.
Não se deveria excluir uma situação semelhante à que foi decidida para a linha da Póvoa: a exploração da linha deixou de ser efectuada pela CP e passou (vai passar) a ser efectuada pelo Metro do Porto. Desta forma grande parte do investimento já estaria efectuado, uma vez que já há via operacional. Restava encomendar (imagine-se a quem…) as composições.
April 20th, 2004 at 9:18 am
Esqueci-me de dizer que a minha análise pode estar distorcida pelo facto de ser de Braga 😉
April 20th, 2004 at 11:03 am
É Jazzy. A verdade é que o comboio, ainda que com capacidade para aumentar um pouco mais a oferta, não terá capacidade para responder a um afluxo massivo de novos utentes. É preciso ver que nos últimos 10 anos o concelho de Sintra sozinho ganhou mais 100.000 habitantes (tantos quantos os perdidos pelo concelho de Lisboa). As maiores concentrações populacionais estão-se a afastar do centro e das zonas mais densamente servidas pelas rede de transportes colectivos. O fascínio da casa grande, o preço mais acessível das habitações, a falta de alternativa a compra de casa (aluguer) e a má gestão do território estão a agravar sucessivamente o problema. Nem a quadruplicação da linha férrea que se processou conseguiu acompanhar as necessidades potenciais. Em termos técnicos talvez tenhas razão quanto ao metro. Mas confesso que isso já me ultrapasse.