"Para os filhos dos homens que nunca foram meninos"
“Para os filhos dos homens que nunca foram meninos”
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Começa assim o primeiro livro das Publicações Europa América de que tenho memória. Livro de bolso, 10ª edição, notam-se bem os mais de dez anos passados desde que o li pela primeira vez. O papel amareleceu, o próprio livro parece ter encolhido… 535$ diz a etiqueta que não me ajuda a recordar onde o terei comprado. Lembro-me de ter gostado muito de ler os Esteiros de Soeiro Pereira Gomes… Foi um dos vários livros miniatura em texto integral que coleccionei da Europa América. Uns livrinhos que insistiam, pelo preço, em desacreditar os que tanto apregoavam a carestia e a inacessibilidade da letra de forma ao menos abonado…
Soube depois que essa acessibilidade fora um desígnio acarinhado pelo editor Francisco Lyon de Castro desaparecido esta semana em pleno uso das suas faculdades, laborando na sua editora de Mem Martins. Talvez o corpo de alguns dos seus livros mais emblemáticos não sirva de herança física, não embeleze escaparates, mas cumpriu e cumpre uma importante função…
Outros títulos da minha adolescência tardia que estimo e me trazem boas recordações lidos pela mão da Europa-América:
Mensagem de Fernando Pessoa
Sonetos de Florebela Espanca
Utopia de Thomas More
Albergue Nocturno de Máximo Gorki
Contos de Eça de Queirós
Os Pescadores de Raul Brandão
As Novelas do Minho de Camilo Castelo Branco
História Concisa de Portugal de José Hermano Saraiva
E, mais recentemente, o septeto de JRR Tolkien, com design cuidado e apelativo, devorado a quatro mãos num ai ou dois. Minto! Resta-me ler ainda “As Aventuras de Tom Bombadil”.
Pacientemente, Homero e Niezsche esperam a sua vez na estante, entre outros…
Em boa hora o empreendedor comunista fundou esta editora que se junta a tantas outras em diversos países no ranking das que mais livros dão a ler e mais pessoas ganham para este prazer. Que o seu exemplo perdure.
Bem haja!
Adenda: sugiro que passem por aqui…
April 15th, 2004 at 12:32 am
Obrigada Rui. Vou enviar o teu texto ao meu amigo Xerxes. Ele vai gostar de ler. 🙂
April 15th, 2004 at 9:21 am
Acho que não se perdeu nada, Lyon de Castro era o perfeito exemplo de Vícios Privados e Públicas Virtudes. E mais não digo
April 15th, 2004 at 11:08 am
Talvez tenhas razão Luís mas só lhe conheci as públicas virtudes por isso fica o elogio.
April 15th, 2004 at 1:34 pm
o elogio merecido na hora da morte
já agora eu da europa-américa lembro-me em particular dos sete pilares da sabedoria (?) do TE Lawrence (o da arábia) – e desafio alguém a tentar perceber a tralha que por lá está traduzida (?)
lembro-me pois foi o último livro da E-A que comprei, ainda estudante e falho de $. Uma roubalheira, como o eram as traduções em geral dessa GRANDE editora – não falo em trair o original, falo mesmo da tralha em português que por lá se editava.
E era política da casa.
Elogio na hora da morte! Ok, mas então que saia o perfil completo de um oliveira da figueira dos livros
April 15th, 2004 at 4:17 pm
Um(a) editor(a) de paixões e ódios está visto. Como disse, o meu saldo é positivo. Mas confesso que não li nem o Maximo Gorki em russo, nem o Thomas More, nem o Tolkien em inglês…
December 20th, 2004 at 6:31 pm
Gostaria muito de saber se o livro Albergue Nocturno de Gorki está editado em Portugal e se possível um endereço para poder encontrá-lo. Preciso muito dele pois minha tese de pós-graduação é sobre albergados e moradores de rua. Desde já agradeço se puder obter qualquer informação. Sei que estou totalmente fora do assunto do site mas é uma tentativa pois estou com muita dificuldade para encontrar o livro. Mais uma vez agradeço a atenção. Walkiria Martinho
December 20th, 2004 at 7:33 pm
Pelo menos está editado como livro de bolso da Europa-América.