O correspondente do Adufe no Brasil – acho que posso atribuir-lhe o título, caro Ruy Zananiri – informa-nos com uma detalhada revista da imprensa das últimas notícias sobre a crise nas favelas do Rio. Sociólogos, antropólogos, advogados, polícias, políticos discutem, discutem…
Discutem-se as leis, a despenalização, a eficácia da polícia, as razões para a erupção recente de violência com uma intensidade sem precedentes entre os grupos de traficantes rivais e a polícia do Rio, discutem o envio das Forçar Armadas para controlar a situação…

Talvez haja quem ache “pitoresco”, mas prefiro considerá-lo particularmente simbólico da dimensão do problema. Falo do código de conduta no interior de cada uma das favelas. Um código que condiciona brincadeiras de crianças, a indumentária, o vocabulário autorizado. Peço-vos que atentem no artigo da Globo que deixo em anexo.

Adenda: O GNT, disponível na TV Cabo, tem oferecido ampla cobertura sobre os acontecimentos no Rio de Janeiro.

14/04/2004 – 09h27m
Viva Favela: poder do tráfico influencia até jeito de vestir dos mo

Toque de recolher, comércio fechado e até proibição de certas marcas. O “Viva Favela” fez uma reportagem falando dos códigos de conduta impostas pelos traficantes nas favelas do Rio de Janeiro. Os exemplos citados são chocantes. Numa favela na Zona Oeste carioca, a palavra “terceiro” é proibida já que é uma referência à facção criminosa rival dos chefes do tráfico na aérea. A palavra não é permitida nem mesmo nas brincadeiras entre as crianças. As crianças, aliás, são pressionados pelo poder paralelo até nas escolas: alunos que moram em favelas de facções rivais não participam de trabalhos de grupo juntos, por exemplo. Numa favela da Zona Norte, os traficantes proibirao aos moradores criarem cães. Isso porque os animais atrapalhavam os criminosos na hora da fuga. No dia-a-dia, os moradores devem seguir rigorosos códigos de conduta. Na maioria das favelas, quem anda de carro tem que passar por uma blitz dos traficantes e quem pretende receber uma visita motorizada tem que pedir permissão antes. Motoqueiros não devem usar capacete, já que isso dificulta a identificação. Insufilm, nem pensar. Durante a noite, os veículos devem andar com a luz interna acesa e com os faróis baixos e o carros não devem ser trancados.

O tráfico influencia até o modo de vestir dos moradores. Roupas de determinadas cores ou grifes pode até ser proibidas, por fazer menção aos rivais. O Terceiro Comando usa TCK. Já o Comando Vermelho usa a Quebra Vento. A roupa preta não é bem vista por lembrar roupas de policiais do Bope.

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