Lembram-se dos empresários da Serra de Estrela virem a público recentemente a apresentar contas do dinheiro que “perderam” num fim de semana de estradas atulhadas com neve?
Tenho cá para mim que os “investimentos turísticos” que andam a fazer na Serra contribuirão a médio prazo para destruir qualquer vestígio de reserva natural digna desse nome e acabarão por ter um triste fim em termos de viabilização económica. Bem…quanto a este último talvez o esporádico manto diáfano da neve em queda sucessiva cubra parte dos estragos feitos e vá servindo de abono de família.
Olha para a Estrela e parece-me que andamos a tentar meter o Rossio na Betesga.
A Serra da Estrela não é a Serra Nevada e muito menos os Pirinéus ou Aspen.
Recordo-me de uma muito inquisitiva reportagem aqui há uns meses difundida na RTP 2 (Planeta Azul). Nela ficaram bem visíveis as ideias megalómanas de alguns presidentes de câmara e empresários serranos, bem como, a sua mais perfeita ignorância e falta de sensibilidade para o meio em que se propõem operar e operam! Até de um campo de golfe se falou nessa reportagem, na Serra da Estrela… O Turismo era apresentado como uma salvação, um absoluto El Dourado, uma última oportunidade para um interior pewrdido! Um dramalhão demagógico para convencer incautos. Do piorio.
Vem este grito de alma em defesa daquela que é e sempre será uma das minhas três serras muito íntimas (Sintra e Santa Marta – Penamacor – são as outras) a propósito do mais dinâmico serrano da Blogoesfera. Passem por estas outras reportagens muito actuais e bem documentadas que o João Tilly nos oferece e pasmem-se com alguns detalhes de beira de estrada.

Terei andado distraído ou os senhor da Turistrela tiveram tempo de antena a rodos em defesa de “melhores acessos” para a Torre sem que nem um jornalista demonstrasse o mínimo de capacidade crítica perante as estapafúrdias exigências face às responsabilidades omitidas pelos senhores empresários?
A Serra não está preparada para sustentar tamanho “desenvolvimentoâ€? que lhe querem oferecer. Esgotos? Sanitários? Delimitação rigorosa das zonas naturais mais sensíveis? Patrulhamento da Guarda Florestal? Limitação do acesso de viaturas privadas à torre controlando os níveis de poluição e o carrossel do para arranca a alta altitude? Transportes colectivos? Informação para os visitantes? Dinamização do espaço da Serra enquanto espaço de cultura e divulgação científica (visitas de estudo / visitas de família coordenadas pelo Parque)?…

(Adenda: a pergunta sobre os jornalistas não é retórica, procuro mesmo saber de algum jornalista que questionou a bondade da reclamação)

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