Os bispos do terror estão entre nós
Quem por aqui passou nos últimos meses sabe qual a minha posição sobre a intervenção militar no Iraque: foi um erro, o saldo será sempre claramente negativo. Hoje é tanta a estupidez que leio escrita por “companheiros de luta” desses tempos – por uma vez vou deixar que enfie o barrete quem assim desejar – que tenho de me demarcar claramente.
Nada, nem os erros de George Bush e seus apoiantes podem justificar qualquer atentado terrorista. Tal como o terrorismo de Estado do actual governo Israelita não poderá justificar o suicidas palestinianos e vice versa.
Podemos discutir os comportamentos que potenciam o terror, podemos evitar criar condições para que surjam alfobres de terroristas, podemos trabalhar para resolver conflitos absurdos, sim isso podemos e devemos fazer.
Podemos discutir se a guerra no Iraque serviu ou não a guerra contra o terrorismo â a meu ver não serviu e as piores previsões de incapacidade de lidar com âo dia depoisâ? claramente criaram condições para que ele floresça com um sentido, capacidade e objectivos que antes estavam fortemente condicionados. Podemos desmascarar o fracasso dos métodos da coligação, podemos apontar-lhe os erros de análise e devemos essencialmente descobrir os verdadeiros campos de batalha onde esta guerra se tem de travar.
Tudo isto devemos e podemos fazer. O que não podemos admitir é viver e agir absolutamente condicionados pela ameaça, com medo da a luta ao terrorismo, independentemente do meio utilizado, nos colocar na lista negra dos alvos a massacrar. Não pode ser o terrorista a ditar como o devemos combater, deve ser a nossa inteligência a admitir e reconhecer que há caminhos contraproducentes e outros que nos levam à vitória da justiça e da liberdade.
Eu não defendi uma intervenção no Iraque mas sempre defendi o terrorismo como um alvo a abater. No raciocÃnio do fundamentalista basta isso para que eu seja um alvo, um inimigo a destruir sem piedade e remorso, seja eu Europeu, Americano, Africano ou Asiático. Seja eu Católico, Judeu, Muçulmano ou ateu. Disto nunca duvidemos.
Por isso, a par dos terroristas do horror dos mortos e do sofrimento humano, coloco aqueles que perante uma eventual responsabilização da Al-Qaeda no massacre de Madrid agora apontam o dedo a Aznar com a simplicidade dos puros. Como se a intervenção no Iraque justificasse o que ontem aconteceu. Levar este raciocÃnio por diante é juntarmo-nos à s fileiras do inimigo é reconhecer desde já a derrota.
March 12th, 2004 at 1:12 pm
Subscrevo todas a letras que escreveste Rui. Basta de tanta estupidez!
March 12th, 2004 at 2:04 pm
Estamos todos de acordo o terrorismo é uma cobardia
sempre repudiável.
Mas também não podemos aceitar que se aproveitam
os atentados e as mortes para dividendos políticos.
(veja intro.vertido)
Tentar encontar um bode espiatório à força é incorrecto.
March 12th, 2004 at 3:52 pm
Em Espanha surpreendentemente NINGUÉM fala da Al-Qaeda nos meios de comunicação. Só os mais inteligentes perceberão o eufemismo “todas as linhas de investigação estão abertas”. Os dividendos são consideráveis.
March 12th, 2004 at 5:31 pm
Se percebi por o que li noutros lugares, terá sido Ana Gomes a fazer essa ligação entre o que aconteceu em Madrid e o Iraque. Foi ela que disse o disparate? Se foi, onde, que gostava de ler? Se não, quem foi? Se me ajudasse agradecia, que já me fartei de procurar. Obrigado.
March 12th, 2004 at 6:00 pm
Daniel: quando escrevi o que leste não tinha em mente Ana Gomes, não sei se ela fez essa associação ou não (alguns blogs afirmam que sim, na SIC Notícias: http://homem-a-dias.blogspot.com/2004_03_01_homem-a-dias_archive.html#107904622496608671). Se a fez de forma linear como citam é claro que também lhe dedico as palavras que escrevi.
Referia-me especificamente a bloguers portugueses (a alguns deixei a minha opinião nos comentários).
Assim de repente deixo-te estes exemplos:
http://congeminacoes.weblog.com.pt/arquivo/078570.html
http://joaotilly.weblog.com.pt/arquivo/cat_actualidades.html#078715
Mas tenho ideia de ter passado por mais, até que me fartei!
March 12th, 2004 at 6:09 pm
Obrigado. Mesmo assim, tenho a sensação que essa é uma posição muito minoritária entre os teu “companheiros de luta” desses tempos. Essa ideia de que não se deveria ter participado na guerra para não correr riscos. Estou convencido que a posição da maioria das pessoas que foram contra a guerra, e é essa a minha, é a de que não se devia ter participado na guerra porque causa daquela guerra em concreto. E que os culpados dos atentados são os terroristas que os levaram a cabo.
March 12th, 2004 at 6:15 pm
Então, estamos inteiramente em sintonia. E espero que tenhas razão, que sejam mesmo uma minoria e que assim permaneçam. Mas se passares por exemplo pelo Jaquinzinhos (que está longe de ser um “companheiro de luta”) encontras por lá, nos comentários, mais algumas aves raras que defendem esta outra vertente.