Faço minhas as suas palavras XVII
Pegue-se num ministro, na Dra. Manuela Ferreira Leite, por exemplo. Ou na Dra. Celeste Cardona. Aloje-se o ministro num prédio de habitação social num subúrbio dormitório, entreguem-se-lhe umas crianças para cuidar, depositar nas creches e escolas pela manhã cedo e retomar ao fim da tarde, um passe LisboaViva para os transportes públicos, um cartão do Clube Minipreço, um desdobrável das promos das 5ªs feiras no Lidl, um ordenado mínimo, um marido desempregado de longa duração, um velho acamado incontinente enfiado num quarto, uma vizinha que leva do marido e que lhe chama grande cabrão todas as noites.
in Espuma dos Dias
Como é evidente, qualquer pessoa de bem sabe que este texto não passa de ficção e está eivado da mais pura demagogia.
March 16th, 2004 at 5:24 pm
E?
Qual é a conclusão que devemos tirar?
jcd
March 16th, 2004 at 6:26 pm
Esta história faz-me lembrar a da sardinha para 5, que geralmente é repetida até a exaustão por quem nunca teve a necessidade de a dividir.
March 16th, 2004 at 6:31 pm
Xii patrão esta é difícil.
Tás a ver a Cardona? A senhora disse que não podia porque não podia, porque era imoral, introduzir um programa de seringas nas cadeias. Que isso era reconhecer as falhas do sistema, pactuar com o crime, com o tráfico, desconfio que até terá falado da “degradação humana”. Sentenciou e sentencia à morte dezenas, centenas de toxicodependentes que continuam a ter acesso à droga no interior das cadeias e a ficar infectados com doenças letais.
Quando leio a “brincadeira” da Sarah, acho piada a sugestão de um banho de realidade que ela oferece a quem exerce o poder democrático executivo que ainda vamos delegando no governo. Há discursos políticos, há omissões, há algumas acções tão chocantes que acho que um retiro espiritual à suburbia poderia inspirar tão sábios representantes a encarar de formas novas e vantajosas estes pequenos nadas da existência de uns tantos infelizes.
Sei lá perceber justificações para a baixa produtividade, para o abandono escolar… Congeminar reformas na educação, saúde, contratação laboral, antecipar-lhes deficiências. Ou mesmo descobrir uma oportunidade de negócio para quando abandonem a vida política. Reestabelecer prioridades, enfim lirismos, não achas?
March 16th, 2004 at 6:37 pm
Eu cá até contribuía com uns cêntimos para a renda de um mês; até fazia DUAS contribuições se fosse na margem sul, tipo Seixal, com o desafogo da Ponte (25 de Abril) todas as manhãs e tardes!
March 16th, 2004 at 7:24 pm
Porque não esta, uma cena da vida real, não vejo
que se lhe tenha que atribuir o carimbo de ficção. Situações bem mais graves e complexas que
esta existem e conhecemo-las.
March 16th, 2004 at 10:28 pm
O Congeminações estava a ser irónico… Afinal de conta o que é uma pessoa de bem?