A política e a “politiquice”.
De certa forma comentam-se por aqui jogadas de bastidores, ajustamentos internos e afins na esfera do PS com evidentes reflexos públicos.
O que é que isto me interessa enquanto cidadão comum?
Começo por responder com as minhas dúvidas que na realidade são a única apróximação aproximação de sabedoria que me assiste em matérias distantes das minhas reflexões sobre a sobrevivência quotidiana.

O que é que eu sei de quem se propõe como eventual representante do poder democrático? Quando pergunto o que é que eu sei, refiro-me ao que é que posso esperar que essa pessoa ou equipa tente cumprir e refiro-me igualmente a uma dimensão mais emocional das figuras, aquela que tantos especialistas laboriosamente “trabalham” com particular afinco em tempos de campanha, puxando o lustro a tudo o que possa granjear popularidade e abafando tudo o resto.

A meu ver o modo como alguém chega e se mantém à frente de um partido para almejar uma futura liderança do poder executivo é, talvez, o manancial mais fértil para uma avaliação dessa outra faceta subjectiva que o cidadão deverá tentar fazer dos candidatos. Poderá ser mesmo uma antecipação de práticas vindouras, um indicador da genuinidade das motivações declaradas e da real capacidade de execução.
No limite até esse percurso político (desde pequenino) pode ser “trabalhado” (quais Britney Spears da política!) mas talvez nesse dia a perversão ficcional dos construtores de imagem sirva ironicamente muito bem o interesse democrático.

Em suma (ou talvez não), é claro que é relevante saber se Ferro Rodrigues escolheu Sousa Franco olhando essencialmente para o dia depois das eleições ou se o fez convencido de que era o melhor representante que o PS poderia ter a liderar a lista parlamentar no parlamento europeu.
É claro que me interessa saber se o contenta no dia 14 ter uma liderança semelhante à que tinha no dia 12 ou se prefere arriscar cartas mais ousadas pondo em risco imediato a liderança mas visando, se tudo corresse bem, outra liberdade e capacidade de intervenção política no partido e no país.
A análise do método não nos diz tudo mas ajuda grandemente quando pouco mais nos resta para avaliar o político. Benditos blogues, mais uma vez, para contribuírem para mudar este estado de coisas!

Nestes tempos (em que os blogues apesar de tudo não são assim tão relevantes) e com esta lógica comunicacional vigente, corremos o risco de sobrevalorizar a aparência, corremos maiores riscos de condicionamento, de irmos com a carneirada, riscos que tantas e tantas vezes são negligenciados pelos próprios políticos talvez confiantes que o que deles se dirá lhes correrá de feição (porque dominam os media?) ou, por outras, crentes que qualquer rebelião à lógica comunicativa corrente só piorará em seu desfavor uma qualquer balança que já lhes é desfavorável.

Adivinhar a conduta de um político pelo que se diz e pelo que fica por dizer , apurando os seus interesses e as suas motivações é da maior importância para quem tenta fazer uma escolha consciente em prole dos seus interesses e da sua visão de comunidade. Por isto, é também inevitável atentar nas entrelinhas, no que está para além do discurso, do sound bit. Não acredito que todos os políticos sejam iguais, que todos sejam ruins. Não há gente exclusivamente ruim e incapaz em nenhuma área do trabalho humano e também não será aqui. Talvez não seja fácil distinguir o trigo do joio…
É interessante saber com quem o político “preferirá almoçar”, como reagirá quando sobre pressão, como mede e gere as oportunidades e as ameaças correntes. É inabdicável o nosso direito e dever de pormos a funcionar o regime que escolhemos a bem da nossa própria saúde e existência. Ou então escolher outro desde que garantidamente melhor que este.

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