Demissões no INE
Não sou funcionário público – o meu contrato de trabalho tal como o de todos os trabalhadores do INE é exactamente igual ao de qualquer trabalhador privado há já vários anos – mas ainda assim sinto-me trabalhador e accionista ao mesmo tempo, já que o INE é um instituto público e eu, além de português, sou contribuinte. Não gozo de total liberdade para vos contar a minha versão do que se vai passando no interior do INE e de quais serão as suas consequências. Há sempre um compromisso de lealdade institucional que cada trabalhador tem de manter com quem lhe paga o salário, salvo raríssimas situações de extremo conflito de interesses.
Por favor estejam atentos ao que se passa no INE e tentem perceber para que serve e para que querem o INE. É bem provável que alguém vos vá pedir opinião…
Nos próximos dias passarão por aqui alguns factos públicos sobre o INE que infelizmente muito poucas pessoas conhecem e cuja ignorância tem provocado lamentáveis artigos de opinião e notícias de jornais.
Hoje, chamo a vossa atenção para a notícia do Diário Económico.
Demissões no INE
Helena Garrido e Elisabete Miranda
Dois dos cinco directores regionais do INE demitiram-se por considerarem que as suas funções estão a ser esvaziadas.
Os directores regionais do Centro e do Alentejo do Instituto Nacional de Estatística (INE) demitiram-se, assim como a chefe dos serviçoes de estatísticas sociais da região Norte. Nos serviços centrais ficou ainda sem direcção o departamento de metodologia estatística.
March 22nd, 2004 at 10:56 am
Tenho um amigo que é director no INE, organismo em que trabalha há longos anos.
Este Verão, contou-me que a descentralização no INE tinha sido um cancro para o instituto. sangria financeira, custos exagerados das delegações regionais, muitas delas sem trabalho que se justificasse.
Teria sido por causa desse ‘erro estratégico’ que o INE perdeu autonomia financeira, uma vez que os custos dispararam sem os correspondentes proveitos adicionais. Na opinião dele as delegações regionais teriam que encerrar ou diminuir bastante as estruturas.
É também esta a tua visão do problema?
Um abraço
jcd
March 22nd, 2004 at 3:04 pm
“Há sempre um compromisso de lealdade institucional que cada trabalhador tem de manter com quem lhe paga o salário, salvo raríssimas situações de extremo conflito de interesses.”
A resposta seguiu em privado.
March 25th, 2004 at 10:48 pm
Também tenho amigos no INE, que me contaram que o INFOLINE (a presença do INE na Internet foi desenvolvido na DRNorte com fundos do PRONORTE! E que o produto mais vendido e dessiminado por Escolas foi desenvolvido pela DRCentro e sem encargos orçamentais para o INE, pelo contrário trazendo receitas e ajudando a difundir a actividade estatística! E o Projecto ALEA, também financiado e desenvolvido na DRNorte e que promove o ensino da Estatística junto dos alunos do Ensino Secundário?
E agora que foram criadas as CCDR’s, que terão maiores competências regionais, e as Autoridades Metropolitanas, actualmente em formação, não serão os parceiros ideais e principais utilizadores de informação estatística à escala infra-regional? Não ficariam ambas as partes a ganhar existindo interlocutores locais?
Ou seja, descentraliza-se por um lado e centraliza-se por outro? Será isto serviço público?
E será serviço público, que a Biblioteca da DRAlgarve esteja aberta ao público apenas 2 tardes por semana, devido a falta de pessoal, como me contou esse meu amigo?