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As armas do meu Adufe,
não têm signo nem fronteira.

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A Tríade de Esquerda (act.)

17.03.2004 por Rui Cerdeira Branco Categoria Política

O João Guerra (ver comentário do João aqui ou no anexo a este texto) considerou excessiva a minha reacção face às declarações de ontem de Carlos Carvalhas e Francisco Louçã. Concedeu, contudo, que as opiniões de ambos são “um pouco demagógicas”. Lendo o que escreve o João percebo que estou largamente de acordo com ele mas separa-nos uma questão de grau nada irrelevante na minha opinião. Ouvindo bem o que disse Louça e o que disse Carvalhas percebe-se que a sua posição é bem diferente da de Zapatero, por exemplo (volto a remeter para o artigo de Teresa Sousa disponível no Público).
As diferenças são demasiadas para lhes chamar “palavras um pouco demagógicas“. A demagogia aqui, nesta matéria muito concreta, é absolutamente nefasta e traduz a perfeita irresponsabilidade que prometem numa futura aliança governativa com o PS. É agora, antes de irem a votos que têm de dar provas da possibilidade de um entendimento, de maturidade política e o BE, especialmente – o único de que vale verdadeiramente a pena falar -, vai andando sucessivamente para a frente e para trás.
A cada novo vislumbre de esclarecimento e desprendimento face a um discurso estereotipado surgem os ataques da pior demagogia de Louçã que deitam por terra a credibilidade anteriormente conquistada com outras causas.
O BE apresenta-se como uma equipa com um “futebol” ainda muito irregular que faz suceder a excelentes prestações, as piores cenas de pancadaria. Uma bomba relógio num eventual governo em coligação.

Falando em coligações:
É claro que há ainda outro lado da questão num cenário de coligação que é o PS. Já nem aprofundo as consequências de uma coligação perante a actual fragilidade e mais que evidente inoperância da liderança socialista. Ter um PSD/PP revisitado mas desta vez à esquerda é um cenário igualmente assustador.
O PS que se emancipe (eu não acredito que estou a escrever isto!), que se afirme por si, que faça por merecer a confiança dos portugueses, que demonstre ter capacidade de governar e que tem soluções para os problemas do país e que as divulgue… Se, nesta conjuntura, o PS viesse a falar de uma coligação estaria nitidamente a promover uma fuga para a frente, um fait divers, um pedido encapotado de uma carta em branco ao eleitorado, a reclamação do direito ao poder por manifesta incompetência do adversário, ora, por esse caminho, nada de muito positivo nos esperará.

(Ainda) não temos à esquerda a possibilidade de somar votos em coligação. Notem que não critico a impetuosidade do BE, o dinamismo dos seus deputados… Também eles poderão fazer um caminho interessante. O desafio será não perder a estamina ao mesmo tempo que se aproximem de um programa político sustentável, integrado e execuível. Nesse dia e sem melhoras no PS até eu mudo de voto. Até lá não vou em encantamentos ou em males menores.

Sujeito a ligeira revisão às 21:05 em defesa do bom português

Caro Rui:

Creio que há um exagero nas reacções às palavras dos Drs. Carvalhas & Louçã. É claro que as palavras destes dois também são um pouco demagógicas, mas é perfeitamente possível defender o regresso das tropas ao serviço do império, em particular as portuguesas & espanholas, e defender uma politica anti-terrorista mais determinada e mais eficaz do que a actual.
Tudo tem a ver com as premissas de que partimos. Se pensarmos (como eu penso) que as guerras contra estados árabes (ainda que ditatoriais) prejudicam a luta anti-terrorista ao fomentar o fanatismo islâmico e a argumentação destes fanáticos, então a guerra do Iraque deveria ter sido evitada e a ocupação do país deve terminar quanto antes.

A argumentação dos fanáticos islâmicos baseia-se em grande parte numa mistura entre religião barata e defesa (demagógica) dos territórios árabes contra os “invasores infiéis”. Uma das obsessões destes fanáticos é, por exemplo, considerar que o Al-Andaluz, antiga civilização árabe da Península ibérica (que ocupou durante vários séculos aquilo que é hoje a Andaluzia, o Algarve e o Alentejo) é território árabe ocupado por cristãos. De facto, é o único território importante que já foi de domínio islâmico e agora não o é. O Bin Laden fala disto na cassete que enviou a reinvindicar o 11-S.
Como é óbvio, quando as tropas do império ocupam outros países árabes (como o Iraque), toda esta argumentação da terra mãe do islão violada pelos infiéis judaico-cristãos vem ao de cima e a propaganda da Al-Qaeda e afins torna-se muito mais eficaz.

Tendo isto em conta, na minha modesta opinião, a forma mais eficaz de combater este terrorismo é fornecer mais meios e mais financiamento às policias e aos serviços nacionais de informação, coordenar melhor estes serviços, usar a infiltração de agentes dentro destas redes e sub-redes de terroristas (técnica utilizada com muito sucesso pelas forças policiais espanholas contra a ETA) e todo o tipo de técnicas policiais e de espionagem (dentro da lei, claro) para apanhar estes fanáticos e desmantelar as suas redes. A colaboração com as forças policiais dos países árabes também é essencial.

A guerra contra um estado soberano (como o Iraque) só pode ser legitimada pela guerra anti-terrorista se este estado proteger e fomentar grupos terroristas e se não for possível alterar a situação de outro modo – apoio a oposições internas, espionagem, etc… Foi o que sucedeu no Afeganistão que claramente apoiava a Al-Qaeda.
É evidente que o Iraque não fomentava nem apoiava quaisquer grupos terroristas. Sendo assim e para não prejudicar a luta anti-terrorista há que terminar com a ocupação. É claro, e aqui está a demagogia de Carvalhas & Louçã, que a retirada deve ser feita de forma a não fazer mais estragos que aqueles que já foram feitos. Por isso, e tal como defende o PSOE, o correcto é exigir que o comando das forças no terreno passe para a ONU e que, se possível, integre tropas árabes de forma a diluir as forças do império e o que elas representam naquelas paragens. Se os americanos não estiverem interessados nisto, a coisa resolve-se sem mais estragos e podemos pensar em deixar instalado no Iraque um regime mais ou menos democrático e um Iraque mais ou menos pacificado (embora isto seja dificil). O problema é que a cabeça do império não parece interessada em entregar o poder à ONU. Afinal, depois de tantos problemas diplomáticos, depois de tantos soldados americanos mortos, nem sequer vão poder ganhar uns contractos de exploração de petróleo a preço vantajoso para as suas multinacionais do ouro negro??? Mr. Bush says no! Para ele é impensável que seja uma petrolifera francesa (por exemplo) a conseguir os contractos milionários de exploração do petróleo iraquiano.

Quanto ao PS, BE e PCP, estou em total desacordo contigo. Estes três estão condenados a entender-se, a falar claro (sem demagogias) e a construir uma alternativa progressista a sério (até porque a nossa direita já está unida). Espero que isto aconteça quanto antes e que a derrota dos nossos proto-fachas não demore.

Saudações ibéricas.

João Guerra

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3 Responses to “ A Tríade de Esquerda (act.) ”

  1. 1
    #1 Ju Says:
    March 17th, 2004 at 8:29 pm

    Como eu gostava de não ter de estar de acordo contigo, sobretudo na questão da emancipação do PS, mas tenho de estar…

    Tens toda a razão, a propósito gosto de ler o que e como escreves 🙂

    Ju

  2. 2
    #2 Rui MCB Says:
    March 17th, 2004 at 9:13 pm

    Obrigado pela preferência, dá ânimo para continuar 🙂
    Escrevo de impulso e geralmente com pouco tempo, quem me dera não maltratar tanto as regras do português…

  3. 3
    #3 João Guerra Says:
    March 19th, 2004 at 2:05 pm

    Caro Rui:

    Ainda bem que estamos de acordo no essencial.
    As esperanças que deposito num futuro entendimento das forças da esquerda portuguesa (por entendimento não quero dizer necessáriamente coligação, basta que remem no mesmo sentido) são em parte motivadas pela observação que tenho feito do novo governo catalão (vivo em Barcelona há 2 anos). Este executivo é um governo tripartido de esquerda que venceu as eleições para a Generalitat (governo autónomo) em Novembro último, depois de 23 anos de governo nacionalista catalão de direita. A esperança dos catalães no novo governo é enorme. À partida era visto por muitos como uma salada russa inconsistente, pois era formado pelo partido socialista (federado no PSOE), pela ERC (esquerda republicana da catalunha)- um partido nacionalista (diz-se de esquerda, mas para mim é o elo fraco da aliança pela sua demagogia)- e pela Iniciativa pela catalunha/Verdes/Esquerda Unida – o velho PSUC – partido comunista da catalunha (federado no PCE), renovado, coligado com os verdes e que se define como partido eco-socialista. Aparentemente estas forças deveriam entrar em contradição, mas a dinâmica que se tem observado é precisamente a contrária – há um conjunto de politicas sociais que são partilhadas pelos 3 movimentos e a pressão a que são submetidos pela direita na oposição faz com que a coesão entre estes partidos tenha vindo a aumentar e desde que o executivo começou a funcionar já foram aprovadas várias medidas de carácter social importantíssimas. Alguns amigos meus dizem-me que em 4 meses fizeram mais politica social que os conservadores catalães nos últimos 10 anos. Antes da coligação ser estabelecida, todos apostavam que não passava do Natal. Mas hoje, toda a gente reconhece a sua coesão e a sua coerência. A demagogia que por vezes vinha ao de cima na ERC (e às vezes ainda vem) não se tem reflectido na acção governativa de nenhuma maneira.
    Fica portanto este exemplo. Provavelmente é uma singularidade, mas acho que já é hora da esquerda portuguesa abandonar um certo sectarismo e do PS abandonar a sua obsessão pelo “centro” – que, por corrupção da linguagem política e mediática – é, de facto, a direita.

    Saudações ibéricas

    João Guerra

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