Lisboa. Fevereiro de 2004.
O influxo de trânsito crescente acorda lentamente os cerca de 500 mil residente da capital.
João Silva, António Sousa, Mário Simões, Rui Gaspar e Maria Armanda (nomes fictícios) engrossam as filas de trânsito, aproximando-se num ritmo lento, habitual, do seu local de trabalho: operam um talho bem no centro da cidade.
Um vem da margem sul, outro de Loures, há ainda quem venha de Sintra, de Santa Iria e mesmo do interior da cidade, de Campo de Ourique (faz de conta). Vêm todos de popó porque sim.

Chegados às redondezas do seu destino, batalham ainda durante alguns minutos por lugar para estacionar. Costumam chegar cedo, a tempo de apanhar os lugares que os residentes vão vagando logo ao início da manhã. Estacionado o carro e antes de sairem dos respectivos veículos, todos deixam no tablier um sinal em letras garrafais não vá o senhor guarda ter-se esquecido dos óculos: “LOJA da CARNE” (Nome fictício?… Faz de conta).

Nunca por nunca vi estes carros serem multados. São bem mais sortudos do que o Director Geral das Contribuições e Imposto que teve de se valer do seu funcionalismo público para escapar à multa, lançando o país em alvoroço.

Mas aqui é de gente simples que se trata, aqui no Largo Mendonça e Costa na esquina com a Morais Soares, é relativamente frequente rondar o senhor da PSP com a braçadeira vermelha, o das multas. Mas estes carrinhos dos muito simpáticos e prestáveis talhantes (estou a ser sincero!) é que está quieto.
Seja de esguelha ou no passeio, uma ou doze horas sempre sem título de parqueamento, não há multinha que os apoquente. Ninguém encherá páginas de jornais com a sua desobediênciazinha aparentemente conluiada com as compreensivas forças da ordem.

A carne do talho é boa, muito boa.

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Adivinha, qual é coisa qual é ela que vem de braço dado com: Infertilidade masculina e feminina, problemas respiratórios graves, causa de morte entre populações de risco (com problemas respiratórios, idosos), causa comprovada do aquecimento global do planeta, gerador de poluição das águas, fonte de dependência da economia nacional (dependência energética), promotor de um número impressionante de mortos e inválidos e respectivo sofrimento associado, causa de assinaláveis prejuízos para a actividade económica – horas perdidas em engarrafamentos, convalescença das doenças e acidentes correlacionados, mortes -, fonte de stress diário e doenças do foro psicológico, sorvedouro impressionante de dinheiro do rendimento familiar, inibidor do contacto social (excepto nas situações em que acaba tudo à estalada…), inimigo dos editores livreiros e dos jornais (sem que tal acarrete forte probabilidade de danos graves no próprio e em terceiros)?…

Haja estupidez de todos e cada um, haja polícias que gostem de carninha, haja muitos Santanas Lopes e oposições demogogas para vingarmos o João Pinto do FCP. “Estavamos à beira do abismo, mas demos um passo em frente!â€?

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