Não quisemos a regionalização. Depois de a plantar, Cavaco Silva arrependeu-se e ceifou-a.
Volvido um ciclo político, a actual maioria de direita percebeu que é necessário responsabilizar os concelhos, descentralizar. Mas o dramatismo com que os mesmo enunciaram no passado recente os riscos da regionalização não esteve presente na compreensão da entropia embutida na actual legislação descentralizadora que está em vigor. Reconhecer o erro do passado era ferir demasiado o orgulho pelo que se arranjou um triste remedeio.

Com a lei actual, o político ou melhor o politiqueiro suplantará o interesse das populações que o líder concelhio melhor deveria conhecer. Esse conhecimento, que poderá e deverá de facto ser útil na gestão e na participação em organismos supra concelhios, não serve como se demonstra a cada dia de novas notícias sobre quizilias locais sobre mapas e lealdades, para perspectivar, construir racionalmente a geografia das regiões.
Pelo que leio, o país dos concelhos anda em polvorosa. Disputam-se mais ou menos rasteiramente sedes de �reas Metropolitanas, chantageiam-se agrupamentos já alinhavadas com o peso dos residentes que faltam para se cumprir a lei, encostam-se concelhos limítrofes e sem alternativas de aliança à parede vergonhosa, edificada sobre um vazio de visão de serviço público.
E apenas começamos a ver o tal triste remedeio que é a legislação estabelecida pelo actual governo. A criação de pseudo-regiões, a la carte, que daqui a poucos anos, concluído mais um ou dois ciclos eleitorais, poderão não passar de retalhos dispersos e desconexos, sem continuidade geográfica e afinidade económica de qualquer espécie, vai-nos fazer ter muitas saudades do futuro que negámos.

Entretanto voltámos a perder tempo, uma nova geração passou e adivinho como raros os exemplos deixados para o futuro.
Tudo está sempre nas mãos dos homens, mesmo a actual lei poderia funcionar com bons Homens, mas alguma inteligência e perspicácia nos caminhos da lei são demasiadas vezes determinantes para distinguir um sucesso de um fracasso.
A bagunça que vai passando discretamente pelos jornais faz adivinhar o pior.

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