Sempre estive ao lado do Presidente. Acho que até há pouco tempo tem desempenhado bem as funções mas…

O mas vem da repetição de argumentos, da demonstração da ausência de poderes que reaviva de uma forma que não tem correspondência com a realidade constitucional.
O presidente repetiu-se no apelo quando veio da última vez em directo ao país (casa Pia) e repetiu-se agora com maior ou menor intensidade argumentativa ao afirmar que o actual rumo da governação não está a resolver os problemas, não se apresenta satisfatório quanto ao que se exige de um governo da república.

Se na primeira repetição se justificou e desculpou pela razões objectivas e emotivas que transpareceram, nesta última (que não é a segunda, é apenas mais uma de muitas no mesmo sentido que temos ouvido praticamente desde o final do primeiro ano da actual legislatura) já acho que contribui mais para a desvalorização do papel do presidente do que o oposto.

E passo a explicar. É difícil imaginar o presidente a ser mais contundente na critica que faz ao governo e ao balanço da sua acção do que tem sido nos últimos meses (pelo menos desde o discurso do 25 de Abril). À oposição dedica algumas fórmulas de retórica sobre a disponibilidade para o consenso, no entanto, em nenhum ponto desmascara alguma oportunidade real de consenso tentada pelo executivo e rejeitada pela oposição. Eles não são os maus da fita segundo o presidente. A sua insatisfação, o seu verbal murro na mesa dirigisse agora como ontem essencialmente ao governo. Notem bem que disse agora como ontem. Ora já ontem, noutros discursos (uma pesquisa no adufe leva-los-á a alguns deles) havia ficado claro que o PR não está satisfeito com o governo a quem deu posse. Hoje repetiu com ênfase e teve como resposta pela enésima vez o total desrespeito intelectual por parte dos destinatários.
Em nenhum momento os destinatários acusaram o toque e /ou mudaram o rumo, alteraram o diagnóstico feito pelo presidente. Assim sendo, cada nova repetição adivinha-se que não passará de mais uma oportunidade para o PR promover sorrisos amarelos bem disfarçados por parte de quem olimpicamente o menoriza. Promovendo também a descrença e a desconfiança dos cidadãos que esperam dele algo mais do que prestar-se a bombo da festa com voz grossa e mãos de manteiga (ai as metáforas…).

Em suma: ou o PR se cala de vez, ou enfrenta directamente quem teima em redizer e reinterpretar o que ele diz assim transformando politicamente um cartão amarelo num assobio de um árbitro de bancada ou se propõe substituir o governo se determinadas e bem claras condições não se verificarem em tal data.
Continuar assim é que não.

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