A "análise séria e fria" de JPP
O meu amigo Nuno Peralta aconselha a leitura de “uma análise sóbria e séria sobre as fugas de informação no Processo Casa Pia.” e remete-nos para o artigo desta semana no Público de JPP.
Séria e sóbria?! Poupa-me Nuno. Como o próprio JPP a linhas tantas diz: “abriu-se uma avalancha de processos de intenção e de fugas de informação, de teorias conspirativas, que acaba por negar qualquer fundamento do processo Casa Pia.” O que ele escreveu no Público em nada se distingue do que supostamente identifica “friamente”. O texto está carregado de processos de intenção, de interpretações, de “parece ser”.
É mais uma opinião que facilmente seria rebatida por uma conspiração da conspiração da conspiração.
Já sabemos com o que contar da comunicação social, dos políticos. Conhecemos também as regras do jogo da defesa e da acusação, neste como em tantos outros processos. Ainda não vimos a prova nem o julgamento feitos pelos juízes.
Abafemos o ruído e foquemo-nos no que falta, interpretemos tudo o que temos para interpretar depois.
January 9th, 2004 at 3:10 pm
Rui,
Podemos ler nas entrelinhas o que quisermos, mas o texto em si é uma análise sóbria e séria, porque limita-se a constatar factos, sem fazer acusações nem juízos de intenções.
Claro que JPP não é estúpido e qualquer pesssoa com 2 dedos de testa percebe a mensagem subliminar que lhe está subjacente, mas o texto em si, volto a frisar, é uma análise sóbria e séria.
Admito sem problema nenhum que teria muito mais valor se tivesse sido publicada antes de o nome de Mota Amaral ter sido citado, pois assim parece mais uma voz do PSD que só agora acordou para o problema.
É uma pena que assim tenha sido, pois todos sabemos que JPP é, juntamente com Manuel Alegre, provavelmente os únicos políticos ligados aos partidos “governantes” que, para o bem e para o mal, defendem ideias e opiniões próprias, independentemente do que o seu partido pensa…
January 9th, 2004 at 3:20 pm
Quatro vezes usou JPP a palava “parece” ou o verbo “parecer”. O que ele escreveu em vários momentos dos artigos, Nuno, apenas parecem ser factos. É a mesma técnica, muito mais refinada, usada pelo Muito Mentiroso e pela tese da Cabala do Ferro Rodrigues. É a cabala do JPP. O que lhe parece a ele também pode surgir para parecer o que lhe parece, para que ele venha denunciar essas aparencias dizendo que o que parece é.
Como eu disse, facilmente se contradiz o que JPP conclui com a conspiração da conspiração da conspiração. É esse o ponto a que chegámos. Qualquer interpretação das fugas, das notícias manhosas está embrulhada e só introduz ruido, nos afasta do essencial. É esse o objectivo da manipulação dos jornais. Nunca saberemos a quem ser, sabemos apenas a quem não serve: a quem quer justiça.
Análise séria e sóbria? Melhor que as de outros? “Parece-me” que não, Nuno.