O nosso amigo, permita(m)-me a liberdade de expressão, não foi presidente da república, não vem de um cargo que recomende qualquer tipo de contenção, construiu um percurso político muito próprio e, pelo que conheço, respeitável e intelectualmente honesto. Sempre foi à luta e deu a cara internamente, tendo ganho diversas eleições, foi o rosto do PSD na AR durante vários anos. Recentemente foi responsável por algumas das mais acutilantes e certeiras críticas feitas ao anterior executivo desde o pulpito da Assembleia e desde os microfones das rádios e páginas dos jornais.
Que eu saiba – admito que sei muito pouco – não está manietado por nada nem ninguém além de admitir alguns condicionamentos resultantes de naturais e muito humanas amizades pessoais e além dos ditames da sua própria consciência e orientação política.
Parece-me também que, contrariamente a outros “radicais livresâ€? de direita, como o Prof. Marcelo, conhece perfeitamente as suas “limitações” em termos de ambição política, fruto, entre outros, da imagem (e substrato) de intelectual que sempre cultivou. Um claro handicap em quase todo o lado… Essa percepção que parece ter de si minimiza facilmente os efeitos da evidência; não demonstra estar a correr atras de qualquer cargo ou posição de maior poder além do oferecido pelos media. Não tem nada a perder.

O nosso José Pacheco Pereira (JPP) ameaça reforçar o seu papel de fazedor de opinião, crítico do PSD, (conjunturalmente tanto mais ouvido e influente quanto mais a descrença no poder vigente se acentuar) junto de alguma, na minha opinião, relevante, consciência pública portuguesa.
JPP está em vias de abandonar o Parlamento Europeu e pela amostra e intensidade da sua intervenção dos últimos dias parece que arranjou causa bastante que o manterá ocupado politicamente nos próximos tempos.
O que tem dito JPP, assim como alguns outros militantes de referência, dá a entender que a via interna de discussão e debate se esgotou. E a pressão do discurso do “Abram os olhos!â€? para o interior toma agora novas proporções. Também porque, ou principalmente porque, talvez o mais mal amado político português pela “classe” jornalística, tem peso, tem espaço e boa voz para desempenhar o seu papel de sempre.
Goste-se ou não se goste, JPP é uma prova e um contributo para a saúde democrática nacional e, acrescento mesmo, de melhor calibre e/ou em melhores condições para exercer o seu papel do que qualquer paralelo seu à esquerda demonstra ter (espero estar redondamente enganado nesta minha última afirmação, mas se olhar particularmente para o PS duvido que me engane).

Quanto ao concreto das suas palavras de hoje seguramente muitos se dedicarão à merecida escalpelização.

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