Há meses que a técnica dos partidos do governo quando se ouve o presidente fazer reparos à governação (cada vez mais intensos e acutilantes na minha opinião), é enviarem os seus porta-vozes apressarem-se a manifestar o mais veemente apoio a sua excelência o PR: “Ah como tem razão o presidente!”, “Pois claro que é preciso melhorar!”. Parecem genuinamente gostar mais do discurso do que os próprios partidos da oposição.
Afinal as críticas não tem destinatário, são enviadas para o espaço vazio por estas artes mágicas da prática política. Tudo é automaticamente desdramatizado e o presidente é reduzido à sua insignificância, diga ele o que disser.

Ouvindo estes senhores parece até que o presidente ontem não demonstrou fortes receios de se estarem a cometer graves erros na condução da política económica, para citar só um exemplo. Parece até que no seu discurso diplomático de presidente não recusou liminarmente que este governo se preocupava com o imediatismo da vida dos cidadãos. Pela minha parte li nas entrelinhas que, segundo o presidente, este governo está a praticar uma política de terra queimada promovida pela política orçamental regida por um mandamento único. No futuro tudo será melhor, mas no futuro já terá passado o presente, essa realidade incomoda que traz sempre consigo o lastro do passado, a fome do dia anterior. É aqui que este governo mais tem demonstrado a sua falha, as suas limitações: faz birra por não ter recebido um país novo para moldar, finge que governa um país de base zero, ignorando que a complexidade, os vícios têm de ser combatidos por medidas um pouco mais astuciosas… A prática do garrote corre o risco de matar o borrego, o da função pública, o do Estado… Devo ter sonhado, o presidente não pode ter dito isto, afinal os porta-vozes ficaram satisfeitos…
Contudo, ia jurar que o presidente tinha deixado até bem claro qual o destino de alguns decretos-lei que lhe venham a chegar à secretária num futuro próximo.

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