Faço eco do texto SER HOMEM DE PARTIDO da Gin e do Tónico que surge em resposta deste outro texto do Daniel Oliveira no Barnabé. E acrescento algumas palavras minhas reflectindo sobre o rótulo de “cobardia política ou exibicionismo fácil“:

As vaias
Recordo-me de um Manuel Maria Carrilho num congresso do PS tentando zurzir Guterres que saiu reforçado com 96% dos votos. Apresentou-se sabendo o que o esperava e provou que era também ele um homem do partido, mas falava o avesso do que o cerrar fileiras exigia. Recordo esse triste momento de vaias e apupos que o Daniel retoma aqui na blogo-esfera em mais uma reacção à flor da pele. Guardo essas vaias como um dos momentos de vergonha e de autismo na história do PS.
Manuel Maria Carrilho será talvez um gaio solitário na floresta, serôdio apenas para quem está desatento. Mas garanto-vos que o seu interesse não serve o inimigo, assim queiram todos os socialista admitir um grave problema e tentar resolvê-lo em conjunto. Carrilho comprometeu-se com Ferro com ressalva. Um traidor antecipado? Se o ouviram, ele explicou bem qual era o seu compromisso na altura. Em suma, vive a política recusando permanentemente o incondicionalismo. Para mim isso é um valor muito subvalorizado perante a excessiva disciplina partidária em que vivem os partidos portugueses. Carrilho tem-se afastado lentamente após lançar alguns avisos. Pela parte que conheço, a pública, dos jornais e TV’s, já provou que não tem nada de rato num navio como querem fazer crer. Mas ninguém gosta de profetas da desgraça, poucos apreciam raciocínios livres e menos ainda se dispõem a contradita-los no conteúdo, uns fortes rótulos bastam. Infelizmente as suas profecias por vezes têm mesmo o efeito perverso de reforçar o autismo (a história dos apupos por exemplo). Será este o caso?
É incomodo, há clara injustiça em relação a tudo o que estão a fazer ao PS. E é isso que custa aceitar: ter de recuar. Vestir outra pele e regressar à batalha. Mas é incontornável pensar também que o PS fez algo que não devia a si próprio. Ficou preso da sua estratégia de defesa em bunker, está sem alas e vai sofrendo pesadas baixas. Poucos deixariam de ter cometido estes erros perante tão bizarros eventos, admito, mas o facto permanece, ingrato mas real.
Confiemos que os portugueses não são estúpidos. Fazendo a coisa bem feita perceberão o que está em causa e entenderão a mudança neste momento.
(Continua)

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