John Steinbeck
Encontro n’As Vinhas da Ira, de Steinbeck, uma das minhas obsessões: “Faça como eu, como todos os que estão na cadeia. A gente não pode pôr-se a pensar no dia em que será solta. Endoidecia. A gente pensa no dia de hoje, no dia de amanhã, depois no jogo de futebol de sábado e assim por diante. (…) Os mais velhos fazem assim. Só os novatos encostam a cabeça às grades da cela e ficam a cismar.”
Não é viver um dia de cada vez, como diz o cliché: é estabelecer metas curtas, mas apesar de tudo metas — metas palpáveis como o jogo de futebol de sábado, um almoço em família no fim-de-semana seguinte, o reecontro de um amigo na semana posterior, a distribuição de um livro esperado poucos dias depois.
Disse-o aqui há umas semanas, citando uma entrevista de José Manuel Osório, como se fosse uma descoberta. Steinbeck dissera-o com mais simplicidade e mais eficácia há quase 70 anos: Somos todos prisioneiros, e o melhor que temos a fazer é sermos velhos prisioneiros, conformados com o nosso cativeiro.

in Não esperem nada de mim

Porque faço minhas as suas palavras, porque também vou “inventando” pequenas metas todos os dias e porque As Vinhas da Ira concorrem para a restrita lista dos livros da minha vida.

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