Fiquei a matutar no Super Escola do Alfacinha. No post enuncia uma cassete a que uma certa esquerda recorre – e por vezes alguma direita quando está na oposição (!) – para denunciar o supostamente pernicioso raciocínio economicista de medidas como o encerramento de escolas com menos de 10 alunos. Ainda que concorde teoricamente com os fundamentos de alguns desses argumentos fica-me na memória a desautorização conquistada por esses críticos aquando da passagem pelo poder (falo do PS). E não é irrelevante para a força do argumento, quem o divulga. Para mim não é. Hoje revolvem-se-me tanto as entranhas a ouvir esses senhores com esses argumentos quanto o carcinogénico Paulo Portas.
Há um anátema que colhe a minha simpatia: o PS, neste momento a única esquerda de que apesar de tudo vale a pena falar, é co-responsável pela necessidade de se reformar dolorosamente o país, ou mesmo, por não se conseguir reformar o país nalgumas áreas. O que fizeram, a falta de visão e de racionalidade deram e darão ainda folga ao actual poder para acumular asneiras – medidas a eito com forte receio e, noutros casos, desinteresse em se olhar para trás ou para os lados. Faltam ainda muitas asneiras por cumprir sem que com isso se ultrapasse o passivo acumulado do PS. E esse passivo só foi e é potenciado sempre que se admite que o acto de contrição se resumiu aos resultado das últimas eleições. O impacto de ausência de acção não se conhecia integralmente em Abril de 2002. E ainda que hoje as responsabilidade seja mais difusa por termos outro poder é difícil eliminar o travo a PS no que de mal vai no país. Onde esteve o engenho para sugerir e em alguns casos apoiar o actual governo a resolver os problemas criados? Faltou humildade e honestidade, como geralmente falta sempre a partidos com interesses imediatistas, de vistas curtas. Fez mal ao PS ter ficado a uma unha negra de ganhar as eleições. Mas já estou a divagar…

Como pergunta o Alfacinha, às vezes parece que a racionalidade para certas pessoas não pode ser um critério suficiente para decidir. Ser racional é ser de direita? Espero bem que não, senão…
Pode ser racional, geralmente é, poupar para investir. Tal como o é para sobreviver. Contabilizar as consequências da poupança e os benefícios do investimento constituem o principal desafio de quem se propõe desempenhar poder executivo. Perceber as premissas que fundamentam as políticas seguidas é a prova final a que devemos submeter a teoria programática inicial. Só conhecedores dessa racionalidade podemos perceber se se ajusta à que idealizamos. Aos nosso interesses.
Uma racionalidade que tragicamente ficou manca quando o governo actual decidiu poupar na prevenção de incêndios, por exemplo (leia-se o D.Económico de hoje aqui). Ou quando resolveu encerrar tudo (ou quase tudo) o que seja ensino recorrente – neste caso produzindo pequenas tragédias que não chegam às notícias mas que nada ajudam para que o país ande de cabeça erguida.

Para crianças de 5 anos:
Nem tudo o que é feito sob o pretexto da racionalização é mau ou bom. Nem tudo o que é guiado por conhecimentos económicos é mau ou bom, depende daquilo que é valorado e daquilo que achamos devesse ser valorado. Não há pachorra para aturar rótulos vazios, de gente vazia. Mas é impressionante como tantos políticos tentam colar bizarras conotações (ou a ausência de conotação !) a palavras que teimam em resistir àquilo que querem que elas passem a ser. E é na avaliação do comportamento racional – para o bem comum – de quem está no poder, ou na oposição, que nos devemos basear para efectuar as nossas escolhas políticas.

Eu escolho a honestidade (intelectual) ao poder!

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