Hoje é quinta feira dia 18 de Setembro de 1997.

A poucos passos da Calçada do Combro, lá bem no fundo, havia sol; uma esquina de sol de fim de tarde que vinha caprichosamente por entre os telhados até à esquina da Rua dos Poiais de São Bento.

Nessas esquinas estava uma senhora de Ó parada no passeio, virada para a estrada. Vestia de vermelho uma camisola de malha que aperfeiçoava e vincava o magní­fico Ó atirado para a frente com a ajuda das duas mãos bem fixas nas ilhargas.

Acabei de descer a í­ngreme calçada e passei também pelas esquinas: ela já lá não estava. Distrai-me com a sua imagem que fixara uns metros atrás e perdi-lhe o destino. O meu, ia sendo passado a ferro pelo carro apressadinho que não queria parar ao sair das esquinas: «Desculpe lá! Não o vi com o sol.» disse em voz trémula a senhora que trazia ao lado um seu Ó com vinte e poucos anos, no feminino. E que lindo sorriso iluminado me mostrou este outro Ó quando o susto passou…
Faltavam quarenta e três minutos para a hora marcada e eu sobrevivia feliz, galgando a calçada branca e cagada da cidade de Lisboa. Arranjei uma musa para o meu último exame da faculdade.

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